Casa da arquiteta Lina Bo Bardi sediará exposição internacional organizada pelo suíço Hans-Ulrich Obrist; 30 artistas criarão obras específicas para o local Eduardo Knapp - 9.jan.06/Folhapress
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Vista da casa de Lina Bo Bardi, em São Paulo FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA
FOLHAPela primeira vez, a casa de vidro de Lina Bo Bardi -onde a arquiteta viveu por mais de 40 anos, em São Paulo- será sede de uma exposição internacional, com curadoria do suíço Hans-Ulrich Obrist.
Ele é o diretor de programação da galeria Serpentine, em Londres, e foi considerado pela revista britânica "Art Review" a segunda personalidade mais influente das artes plásticas, atrás do galerista americano Larry Gagosian.
"Quando comecei como curador, minha primeira exposição [aos 23 anos] foi numa cozinha. Eu sempre pensei que mostras num ambiente doméstico, com escala íntima, são especiais. E mesmo que eu faça bienais ou exposições em grande escala, nunca parei com mostras desse porte", disse Obrist.
O curador já organizou mostras na casa do arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), em 2002, e na casa do escritor espanhol Federico García Lorca, em 2007, ambas com produção da espanhola Isabela Mora, envolvida no novo projeto. Esta será a primeira mostra de Obrist no Brasil. O curador foi convidado para organizar a 30º Bienal de São Paulo, no ano que vem, mas não aceitou a proposta.
30 ARTISTASA exposição na casa de vidro terá cerca de 30 artistas, ainda em definição. Todos criarão obras específicas para o local. Anteontem, o arquiteto holandês Rem Koolhaas e o brasileiro Cildo Meireles visitaram a casa com o curador. Também já foram contatados artistas como Douglas Gordon, Ernesto Neto e Dominique Gonzalez-Foerster.
Amanhã, Obrist e Koolhaas apresentam o projeto numa palestra no Sesc Pompeia, projetado por Bardi. Essa não é a primeira vez que o prestigiado Koolhaas vem ao Brasil.
Em 2002, ele chegou a propor a instalação de um elevador de último geração no edifício São Vito, parte do projeto Arte Cidade. Não só a proposta não vingou, apesar de ele ter conseguido a doação do equipamento, como hoje o prédio não existe mais.
Foi naquela época, contudo, que ele entrou em contato com a obra de Lina Bo Bardi. "Eu vi o Masp e fiquei impressionado. Foi apenas há dois anos, devo admitir, na Bienal de Arquitetura de Veneza, que tive uma compreensão mais intensa de seus projetos, passei a ler sobre ela e descobri uma obra única."
Obrist e Koolhaas visitaram o Masp e não se mostraram satisfeitos com o que foi feito do museu. "Ficamos profundamente desapontados em perceber que os dispositivos de exposição criados pela Lina não estão mais lá e foram construídas paredes", contou Koolhaas. Ele também prepara uma exposição no Museu Hermitage, em São Petersburgo, em 2012, sobre organização de exposições e já incluiu projetos de Bardi na mostra.
Oscar Niemeyer costuma monopolizar as atenções quando se fala de arquitetura brasileira. Por que Obrist teria escolhido Bardi? "Converso com artistas todos os dias e muitos me falam de Lina. Existe uma real obsessão em torno dela, o que é interessante. Ela tem tudo a ver com os projetos que venho desenvolvendo", diz.
PALESTRA OBRIST-KOOLHAASQUANDO amanhã, às 11h
ONDE Sesc Pompeia (r. Clélia, 93, tel. 0/xx/11/3871-7700)
QUANTO grátis (sujeito a lotação)
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