sexta-feira, 9 de abril de 2010

CESARE BATTISTI: TRÊS ANOS DE PRISÃO POLÍTICA

CENTRO DE CULTURA SOCIAL

PRECONCEITO E POLÍTICA NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DO 13 DE MAIO


 15/05  - 15:00hs

Em maio de 1988 ocorreram no Brasil diversos congressos e colóquios visando um balanço historiográfico sobre os temas ligados ao estudo da escravidão, da transição para o trabalho livre, do preconceito e da memória sobre a resistência escrava. Era o momento florescente de uma nova matriz historiográfica, derivada dos estudos de Edward P. Thompson, representada pelos historiadores oriundos da Universidade Estadual de Campinas e pelos historiadores da “brecha camponesa”, inspirados nos trabalhos de Ciro Flammarion Cardoso. Estes trabalhos redimensionaram as discussões e ofereceram um panorama totalmente novo para quem quisesse aprofundar-se nos meandros da história da escravidão nas Américas.

 

Nos anos que se seguiram, historiadores brasileiros, estadunidenses, africanos e caribenhos produziram algumas das mais importantes e instigantes obras sobre escravidão, tráfico, família escrava, abolicionismo, resistência e, também a discussão desses temas no contexto do colonialismo. No caso do Brasil, autores tradicionais como Gilberto Freyre, Caio Prado Jr., Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Otávio Ianni sofreram uma profunda revisão crítica e foram confrontados com novas evidências documentais. Ao final da década de 1990 já não se tratava mais de um debate, mas de toda uma renovação da perspectiva historiográfica.

 

Isto ocorreu porque, com o fim da ditadura militar, houve nas universidades brasileiras um afluxo de pesquisadores retornando da Europa e trazendo em suas bagagens as mais recentes novidades em termos de teoria e historiografia. Autores como Carlo Ginzburg, Michel Foucault, Edward P. Thompson, Eric J. Hobsbawm, Christopher Hill e Robert Darnton, antes conhecidos de uma minoria seleta, passaram a integrar as bibliografias dos cursos de graduação e nortear os debates. A aproximação metodológica entre história e antropologia produziu resultados e um novo olhar sobre a documentação primária.

 

Entretanto, esse debate vibrante e a nova produção decorrente, no que se refere à escravidão e seus temas correlatos, não conseguiu superar a barreira acadêmica e alcançar a sociedade. Duas décadas de resultados mal são perceptíveis no material didático disponível, que continua reproduzindo e ecoando Gilberto Freyre ou optando por uma atitude pretensamente crítica, mas que divulga uma nova série de preconceitos. Discutir a produção de material didático e paradidático e seu uso político por editoras e governos seria exaustivo e recorrente.

 

Por outro lado, a memória que a sociedade compartilha sobre escravidão, abolicionismo e o papel do negro em sua própria história, segue duas vertentes que se originam na política e não no conhecimento documental. Por um lado há os defensores da democracia racial que se recusam a ver e discutir os efeitos perniciosos da escravidão em nossa sociedade, ignorando o racismo e deslocando a discussão do seu eixo principal; por outro lado temos os defensores da identidade e da raça negra, que se recusam a ver qualquer outro meio de resistência que não o confronto e menosprezam o papel da população branca nos quadros abolicionistas, provocando uma ruptura social contraproducente e desnecessária.

 

Recuperar a discussão acadêmica e torná-la inteligível ao cidadão comum deveria ser a prioridade do historiador, uma vez que o conhecimento só faz sentido se for partilhado. Abrir os arquivos e os resultados das pesquisas ao debate público pode ajudar a matizar as posições mais extremistas e permitir uma visão mais coerente do contexto histórico. Assim, os problemas sociais decorrentes do período poderão ser abordados de maneira mais inteligente, sensata e livre de controvérsias vazias.

 

Só ao Estado interessa que passemos nosso tempo cultivando culpas e rancores ao invés de nos unimos para melhorar nossas vidas.

 

Profa. Dra. Anna Gicelle Garcia Alaniz

Pesquisadora colaboradora do Centro de Memória Unicamp.

 

Data para palestra/seminário: 15/05  - 15:00hs



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Rua Gal. Jardim nº 253 – sala 22 – Vila Buarque (metrô República)

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