sábado, 19 de fevereiro de 2011

Polícia prende suspeito de manter travestis em cárcere em SP

A polícia chegou ao local após denúncia da mãe de um deles, que vive no Ceará. Ela procurou as autoridades de Fortaleza para dizer que o filho havia sido aliciado, morava em São Paulo e estava impedido de retornar à sua terra natal.Policiais civis prenderam, na manhã deste sábado, um homem suspeito de manter um grupo de travestis em cárcere privado em um apartamento na rua Guaianases, no centro de São Paulo.

As autoridades cearenses entraram em contato, então, com o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo, que levou o caso à polícia.

No apartamento foram encontrados quatro travestis --dois de Fortaleza, um do Rio Grande do Norte e um de Belém (PA)-- sob a guarda do 'gerente' da casa, Nilton Pinto de Freitas, 27, conhecido como Andressa, que foi preso em flagrante e será indiciado sob suspeita de cárcere privado, tráfico de pessoas e exploração da prostituição. Não havia menores de idade entre o grupo.

No início do mês, outro grupo de travestis foi encontrado em situação análoga também no centro de São Paulo, e entre eles havia quatro menores de idade que já foram encaminhados de volta às suas cidades.

Segundo a secretária da Justiça, Eloisa de Souza Arruda, um dos travestis teria tentado voltar a Fortaleza, mas não conseguiu deixar o local. A mãe dele teria enviado uma passagem para que regressasse, mas a organização responsável pelo aliciamento e alojamento dos jovens em São Paulo não teria deixado.

Ele já está sob proteção do Estado. Ainda de acordo com a secretária, os outros três não quiseram sair da cidade.

'Alguns concordaram em permanecer nessa situação, e não podemos obrigar um maior [de idade] a voltar', disse.

Os travestis são aliciados em cidades do Nordeste, onde geralmente vivem em situação de pobreza, e trazidos para São Paulo por uma grande organização criminosa, fortemente estruturada e hierarquizada, segundo a polícia. Eles contraem dívidas com essa organização --em geral, relacionadas à viagem e a cirurgias para colocação de silicone-- que são 'impagáveis', segundo a polícia.

As cirurgias acontecem em clínicas de São Paulo e custam entre R$ 4.000 e R$ 6.000. A polícia não deu informações sobre essas clínicas.

Segundo o delegado titular da Divisão de Proteção à Pessoa do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Joaquim Dias Alves, as investigações para revelar o esquema dessa organização criminosa já acontecem há mais de dois anos, em parceria com a Secretaria da Justiça.

Ele explica que os travestis sofrem ameaças físicas e psicológicas para se sujeitar a isso. 'Estamos descobrindo agressões e até homicídios de dissidentes', disse, sem dar mais detalhes. O caso de hoje está ligado ao esquema descoberto no início de fevereiro, afirma o delegado.

São Paulo tornou-se um dos principais centros receptores de travestis no país, e é a principal porta de saída para que esses jovens cheguem ao exterior. Segundo a polícia, a razão para que alguns queiram voltar e outros não é que a família de alguns os aceitam e os querem de volta, enquanto outros são renegados.

Os travestis pagam a seus superiores R$ 25 por dia --independente de terem feito 'programas' ou não. Esse valor, segundo o delegado, é cumulativo, o que torna a dívida cada vez mais impagável. Além dos R$ 25, pagam uma porcentagem do total de programas feitos por dia.

O preso na operação de hoje já tem advogado constituído. A reportagem, no entanto, não conseguiu contato com a defesa do suspeito.

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MANIFESTAÇÃO

Ferido em protesto contra tarifa de ônibus passa por cirurgia no nariz 

DE SÃO PAULO - O servidor público municipal Vinícius Figueira Boim, 25, um dos feridos no confronto entre manifestantes e polícias em frente à Prefeitura de SP, passou por uma cirurgia ontem por conta de uma fratura no nariz.
Na versão de sua família, além do nariz, várias partes do corpo do servidor ficaram machucadas em razão de chutes e socos recebidos de PMs e guardas civis municipais. "Ele está com o rosto todo desfigurado", disse Vanessa Faro Chaves, 24, mulher de Boim.
A Polícia Militar informou que foi necessário usar a força porque os manifestantes passaram a atirar pedras, colocando em risco a integridade física das pessoas que estavam na prefeitura. Afirmou ainda que um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para apurar eventuais abusos na ação.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo não se manifestou.
O servidor se feriu em protesto anteontem contra o reajuste da tarifa de ônibus (R$ 2,70 para R$ 3), autorizado pela prefeitura no início do ano. Foi a sexta manifestação desde a concessão do aumento.

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