quinta-feira, 18 de novembro de 2010

São Paulo está se tornando facista!

Ornette Coleman - se apresenta em São Paulo na próxima semana, dentro da Mostra Sesc de Artes 2010

O cara que fez o JAZZ viajar
Criador do "free jazz" e um dos maiores nomes do gênero, o saxofonista
Ornette Coleman ° se apresenta em São Paulo na semana que vem

Peter Van Breukelen - 11.jul.10/Redferns

Ornette Coleman em show em julho, em Roterdã

MARCOS FLAMÍNIO PERES
DE SÃO PAULO

Ele é o maior desconstrutor de melodias da história da música. Seu
álbum "Free Jazz", de 1960, radicalizou a linguagem do gênero, já
então meio desmontada por Charlie Parker e John Coltrane, levando a
improvisação a alturas jamais vistas.
A contrapartida disso foi que o jazz se tornaria "difícil" para o
grande público -se é que esse gênero teve isso algum dia.
Mas Ornette Coleman- que se apresenta em São Paulo na próxima semana,
dentro da Mostra Sesc de Artes 2010- também deve ser o maior
destruidor de entrevistas da história do jornalismo.
Aos 80 anos, o consagrado sax alto americano não tem lá muita
paciência para nada que não seja sua própria arte, coisa que a
reportagem descobriu amargamente.
O sr. foi criado no Texas nos anos 1930, durante a Grande Depressão.
Foi vítima de racismo?
"Não, não, nunca pensei nisso. Só pensei em três coisas importantes:
escolha, honestidade e amor. Isso é simplesmente humano, coisas com as
quais nós temos que conviver."
Pergunto se é difícil construir uma carreira de jazzista hoje, já que
existem tantos bons músicos dando duro por uns trocados nas ruas e
estações de metrô de Nova York, Londres... Ele retruca em sua voz
baixa e sussurrada: "Não estou entendendo o que quer dizer...".
O repórter fica inseguro ("Será que meu inglês anda ruim assim?") e
lembra ao saxofonista que, em uma entrevista dez anos atrás, afirmou
que "economia e arte nunca foram bons companheiros, sobretudo para
mim".
Mas recebe outra resposta enviesada: "Acho que é de racismo que você
está querendo falar e isso não tem a ver com conhecimento". Já que
toca no assunto, pergunto como vê o governo de Barack Obama, primeiro
presidente negro dos EUA: "Não tenho muita informação a respeito, mas
acho que está num alto nível".

LIBERDADE
Então, de volta ao seu ofício: sr. Coleman, a crítica insere o "free
jazz" na linhagem do bebop... "Nunca pensei em ser influenciado por
coisa nenhuma. Tentei [em minha carreira] não sofrer influência de
ninguém."
Mas como define o "free jazz", termo que criaria vida própria -e
banal- após ter sido apropriado pela cultura de massa. "Significa que
você pode tocar e criar livremente, tocar do jeito que sente, do jeito
que gosta."
De fato. Seu álbum clássico juntou dois quartetos que fazem uma
improvisação coletiva por quase 40 minutos.
A melodia simples e grudenta dos primeiros minutos desmorona
rapidamente nas mãos de mitos como Freddie Hubbard (trompete), Charlie
Haden e Scott LaFaro (contrabaixo), liderados pelo próprio Coleman
-que toca o mesmo instrumento de Charlie Parker.
Para o músico André Mehmari, o álbum mostra como o verdadeiro "free" é
um "paradoxo", pois "ele só pode existir com o suporte de um forte
rigor artístico, de respeito por certos limites".

TANTAS EMOÇÕES
Coleman não costuma tocar os grandes standards do jazz em suas
apresentações. "Toco, sim, mas não os mesmos de sempre."
Traduzindo: prefere tocar composições de sua própria safra que já se
tornaram pequenos clássicos, como 'Ramblin'".
A fama o incomoda? "Não tive família nem ninguém me apoiando,
simplesmente ocorreu de ser quem eu sou e me reconhecerem por isso."
Indago a Coleman se Nova York -onde reside e de onde concedeu esta
entrevista- ainda é a meca do jazz. "Você está me perguntando se o
jazz ainda é importante para alguém aqui? Não estamos falando sobre
raça, mas sobre conhecimento, certo?"
Bem, então onde está a melhor cena de jazz da atualidade? "Não saio
procurando por isso." E devolve, no mesmo tom ingênuo: "Você toca
algum instrumento?".
"Bem, quando criança, tocava o bife no piano para agradar a mama e um
pouco de flauta para irritar os vizinhos. Mas nada hoje em dia."
E Coleman, cristalino: "Não sei se é o dia o responsável por você não
tocar, mas, sim, você mesmo".
Já com o rabo entre as pernas, o repórter faz a clássica pergunta
sobre o que ele espera do público brasileiro.
"Não espero nada -apenas procuro dar alguma coisa." Está bem, o sr.
venceu. E o que então espera dar ao público daqui? "O que as pessoas
chamam de emoção."
"O grande revolucionário do jazz moderno" -como o chamou o crítico
Lorenzo Mammì- parece querer dar as costas para todos os que o
incensam há tanto tempo. "Aquilo de que mais gosto é a humanidade, o
amor... É disso que precisamos para viver", arremata Coleman.

ORNETTE COLEMAN
QUANDO sáb., 27/11, às 21h30; e dom., 28/11, às 18h30
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, tel. 0/xx/ 11/3095-9400)
QUANTO R$ 40
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

Posted via email from franciscoripo

LITERATURA

Ciclo celebra centenário de Miguel Reale
A Academia Paulista de Letras (lgo. do Arouche, 324, 2º andar, tel.
0/xx/11/3331-7222) promove, toda quinta, conferências em homenagem ao
centenário do escritor e jurista Miguel Reale (1910-2006). Hoje, às
18h30, haverá palestras com Cláudio de Cicco e José Pastore. O evento
é de graça.

Posted via email from franciscoripo

"A Dócil", de Dostoiévski

CRÍTICA DRAMA

Peça "A Dócil", de Dostoiévski, tem direção inventiva e atuações brilhantes
CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Dirigida com inventividade por Pedro Mantovani e interpretada pelos
brilhantes atores Dagoberto Feliz e Patrícia Gifford, "A Dócil" é uma
comovente e vigorosa adaptação da novela homônima do escritor russo
Fiódor Dostoiévski (1821-1881).
Ainda distraído à frente do Galpão do Folias, o público se assusta com
o barulho de uma santa que se espatifa.
A cena simboliza o suicídio de uma jovem de 16 anos, ato misterioso
que conduzirá seu marido a uma investigação da relação entre eles e,
por consequência, ao inferno de si mesmo.
No início, ela queria apenas penhorar objetos para pagar um anúncio de
emprego em jornal.
Ele é um agiota mais velho, que lhe oferece um valor mais alto e se
apresenta "com as mesmas palavras de Mefistófeles".
É impressionante a precisão dos movimentos de Dagoberto Feliz, que
passa do afobamento à falta de fôlego dos culpados em interpretação
memorável.
Patrícia Gifford, atriz de porte frágil, está perfeita como seu objeto
de afeto. Consegue atuar como se fosse a fantasia projetada do marido
e ainda deixa resvalar a angústia que corre por dentro de sua
personagem.
Desse eixo amoroso impregnado de força emotiva ainda saltam complexas
relações sociais, em alguns momentos de grande riqueza cênica, até uma
reveladora cena final quase insuportável de tão aflitiva.

A DÓCIL
QUANDO de sex. a dom., às 18h; até 19/12
ONDE Galpão do Folias (r. Ana Cintra, 213; tel. 0/xx/11/3361-2223)
QUANTO R$ 30
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo

Posted via email from franciscoripo

Quinta Balada Literária começa hoje com Lygia Fagundes Telles O escritor Alberto Manguel é outro destaque da programação

MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO

A Balada Literária, evento que reúne literatura e boemia na Vila
Madalena, chega à sua quinta edição a partir de hoje, com cerca de 60
autores em nove espaços da região.
Até o próximo domingo acontecem bate-papos com Augusto de Campos,
Marcelo Rubens Paiva e o poeta e colunista da Folha Antonio Cicero,
além de shows e lançamentos de livros.
A homenageada deste ano é Lygia Fagundes Telles, 87.
A escritora está na primeira mesa de hoje, às 11h, na Livraria da Vila
(r. Fradique Coutinho, 915; tel. 0/xx/11/ 3814-5811).
O encontro seguinte, também na Livraria da Vila, às 14h30, debaterá a
relação entre literatura e teledramaturgia. Os convidados são os
dramaturgos e autores de novelas de TV Alcides Nogueira ("Ciranda de
Pedra") e Lauro César Muniz ("O Salvador da Pátria").
Logo depois, às 16h30, começa uma conversa com o poeta Frederico Barbosa.
Fechando as mesas do dia, o escritor argentino naturalizado canadense
Alberto Manguel conversa com o público no Sesc Pinheiros, às 19h (rua
Paes Leme, 195; tel. 0/ xx/11/3095-9400).
Manguel acaba de lançar o romance "Todos os Homens São Mentirosos"
(Cia. das Letras, R$ 42, 184 págs.).
No último fim de semana, ele participou da Fliporto, evento literário
em Olinda, onde surpreendeu o público ao chamar Mario Vargas Llosa,
ganhador de Nobel de Literatura deste ano, de "ser humano imundo".
Organizada pelo escritor Marcelino Freire, a Balada Literária não
conta com patrocínios oficiais e é gratuita.
A programação completa do evento pode ser conferida no endereço
www.baladaliteraria.zip.net.

Posted via email from franciscoripo

AMIGOS...