quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Bivar, mas esses punks não são uns fascistas?”. E eu respondi, bem calmo: “Não, dona Lina, eles são anarquistas”

Antônio Bivar: Foi o fecho da trilogia “Fim do Mundo”. O primeiro festival, de 82, no Sesc Pompéia, chamou-se o “O Começo do Fim do Mundo”, e no ano passado teve “A Um Passo do Fim do Mundo”, já no Tendal da Lapa. Comparecem umas 8.000 pessoas, e isso sem divulgação nos jornais, só pela internet.

Acho que os punks são o primeiro movimento pós-moderno no mundo. É uma cultura anarquista internacional que influenciou tudo, um divisor de águas. No Brasil deu uma grande arrancada. É a cara de São Paulo, apesar do nome importado. É um movimento de grande paixão e celebração, de irmandade, que remete ao anarquismo de 1917 em São Paulo. Neste ano tivemos 64 bandas, desde as mais antigas, como Cólera, Fogo Cruzado e Lixomania, até as novíssimas, como a Holly Tree -que agora vai excursionar pela Europa-, Flicts, Lambrusco Kids, General Bacon e outras.

Musicalmente, o movimento está muito melhor agora, mais criativo. Apesar de nas bandas existir hoje em dia até gente que estudou na Faap, como os integrantes do Holly Tree, todos vêm da classe média baixa. Para mim, os fatores mais positivos do punk são a insubordinação e a criatividade do “faça você mesmo”, porque eles conseguem fazer de tudo com os elementos mais básicos.

Como você começou a se interessar pelo punk?

Bivar: Na década de 80 passei um outro ano na Inglaterra e acompanhei o movimento musical. Então, em 82, escrevi o pequeno volume “O Que é Punk”, para a editora Brasiliense, e tive a idéia de fazer um festival de música e cultura punk no Sesc Pompéia. Foi um sucesso louco, com repercussão em jornais de Washington, do Japão… São Paulo ficou parecendo a Meca punk, foi um impacto.

Lembro-me de Lina Bo Bardi (arquiteta do Sesc Pompéia) com aquele penteado tapa-olho, parada ali com cara de brava… A meu pedido, ela colocou uma rotunda preta no palco, para esconder uma faixa do Zizinho Papa, político malufista que estava na direção do Sesc e que os punks odiavam. Ela me perguntou: “Bivar, mas esses punks não são uns fascistas?”. E eu respondi, bem calmo: “Não, dona Lina, eles são anarquistas”. Então ela deu um jeito de colocar o pano preto sobre a faixa do político.

Esse primeiro encontro é um mito entre os punks, e para mim foi um grande e maravilhoso teatro. Ninguém ganhou um centavo. Já em 98 fui chamado pela Secretaria da Cultura de Santo André e pelo Motim Punk da cidade para escrever uma ópera punk sobre a briga entre as facções do ABC e de São Paulo. Trabalhei oito meses. Pegava o trem para Santo André na Estação da Luz, foi ótimo.

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Governamentalidade e Anarqueologia em Michel Foucault

RESUMO

Este artigo aborda as noções foucaultianas de governamentalidade e anarqueologia, enfatizando os impactos que provocaram nas reflexões do "último Foucault". Em um primeiro momento, aborda-se o deslocamento da analítica do poder de Foucault, situando sua importância nos estudos em governamentalidade e sugerindo implicações possíveis que a anarqueologia estabelece com o pensamento de Proudhon. Em seguida, discute-se a maneira pela qual a anarqueologia descreve uma genealogia das formas modernas da obediência ao problematizar a experiência da sexualidade.

Palavras-chave: Poder; Governamentalidade; Anarqueologia; Subjetividade; Verdade.

Ler:

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Bivar, Antônio (1939)

Biografia

Antônio Bivar Battistetti Lima (São Paulo SP 1939). Autor. Integra o
movimento dos novos dramaturgos do fim dos anos 60 e traz nova
temática, personagens e situações para o teatro brasileiro ao empregar
um humor mordaz, irônico e, não raro, raivoso.

Inicia a carreira n'O Tablado do Rio de Janeiro e forma-se como ator
pelo Conservatório Nacional de Teatro. Monta a primeira peça no Rio de
Janeiro, em 1967, escrita em parceria com Carlos Aquino: Simone de
Beauvoir Pare de Fumar, Siga o Exemplo de Gildinha Saraiva e Comece a
Trabalhar, na qual apresenta o feminismo sob uma ótica bem-humorada.
Sua criação seguinte é O Começo É Sempre Difícil, Cordélia Brasil,
Vamos Tentar Outra Vez, com cena de um nada usual triângulo amoroso,
premiada no 1º Seminário de Dramaturgia do Rio de Janeiro, ainda em
1967.

No ano seguinte, após certa batalha contra a Censura, a peça estréia
no Rio de Janeiro com Norma Bengell no papel-título, sob a direção de
Emílio Di Biasi: e, logo a seguir, em São Paulo, onde alcança amplo
sucesso. Também em 1968, Abre a Janela e Deixa Entrar o Ar Puro e o
Sol da Manhã, com produção do Teatro Maria Della Costa, TMDC, e
direção de Fauzi Arap, é montada em São Paulo. Em 1969, surge O Cão
Siamês, em mais uma montagem de Emílio Di Biasi, que é retrabalhada
para uma versão carioca intitulada Alzira Power, e dirigida por
Antônio Abujamra em 1970. Ambas as montagens contam com a explosiva
interpretação de Yolanda Cardoso como a enfurecida mulher que recebe a
visita de um vendedor de enciclopédias.

Em 1970, Bivar vai para Londres, Dublin e Nova York, quando se
familiariza com os movimentos de contracultura, as comunidades hippies
e a música pop. A repercussão dessa vivência está em Longe Daqui, Aqui
Mesmo, peça escrita em Nova York e estreada no Rio de Janeiro em 1971,
novamente uma direção de Abujamra, que retrata a falta de rumos da
geração hippie. Após dirigir shows musicais (Drama, de Maria Bethânia,
e Tutti Frutti, de Rita Lee), lança em São Paulo, em 1976, a
sofisticada comédia Gente Fina É Outra Coisa, escrita com Alcyr Costa.
Mesmo ano em que escreve Quarteto, encomendada por Ziembinski para a
celebração de despedida do palco desse consagrado diretor e ator.

Viajando ou atuando como jornalista, há tempos longe dos palcos, Bivar
estréia em São Paulo, em 1984, A Passagem da Rainha, escrita em
1968/1969 e proibida pela Censura. Em 1987, é a vez de Alice, que
Delícia, protagonizada por Maria Della Costa, outra comédia sem
pretensões.

Nos anos 90 Bivar dedica-se, em parceria com Celso Luiz Paulini, a
criar um grande painel dramatúrgico e trabalha num ciclo de peças
musicadas sobre a história do Brasil, desde antes da descoberta
portuguesa, até o fim da Era Vargas, interrompido pela morte de
Paulini. As Raposas do Café, vencedora do Concurso de Dramaturgia do
Teatro Carlos Gomes, é montada pelo Grupo TAPA, em 1990. As duas
outras peças desse ciclo histórico não foram montadas
profissionalmente.

Bivar é autor dos livros O Que É Punk, 1982; James Dean, 1983; Verdes
Vales do Fim do Mundo, 1985; e uma peça inédita - Novela das Nove,
1978.

Segundo o crítico Yan Michalski: "A carreira desigual de Bivar torna-o
um autor controvertido. Na fase inicial, é um legítimo porta-voz do
seu tempo que sabe captar, com humor muito expressivo, não raro
utilizando-se do realismo e da fantasia, as inovadoras instâncias
abertas pela revolução cultural desencadeada pelos jovens dos anos 60.
Suas protagonistas das primeiras peças, notadamente, despertam
simpatia e encarnam as aspirações do movimento feminista. Cordélia
Brasil, Abre a Janela e O Cão Siamês ou Alzira Power são montadas em
várias outras cidades, a primeira delas também na Argentina e na
Espanha. As obras, a partir dos anos 80, porém, perdem a
contundência".1

Notas

1. MICHALSKI, Yan. Antônio Bivar. ______. Enciclopédia do teatro
brasileiro contemporâneo. Rio de Janeiro, 1989. Material inédito,
elaborado em projeto para o CNPq.

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Artistas ocupam primeiro arranha-céu de São Paulo

Edifício Sampaio Moreira, de 1924, abriga seis ateliês antes de
receber a Secretaria Municipal de Cultura

Projeto está relacionado à revitalização do centro; artistas buscam
transformar a vida nova no velho edifício

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Um povo meio colorido tem subido e descido os elevadores suecos do
Sampaio Moreira nos últimos meses.
Isso porque só três dos 12 andares do primeiro arranha-céu de São
Paulo estão ocupados por seus ateliês -o resto, abandonado, é
matéria-prima para esses artistas.
Seis deles estão trabalhando agora em estúdios criados nas salas do
prédio construído em 1924, um "esquenta" bancado pela Red Bull antes
que a prefeitura vá para lá com a Secretaria Municipal de Cultura, no
ano que vem.
"Passo o dia inteiro andando pelos andares vazios", diz a artista
Sofia Borges, tomando a segunda latinha de energético do dia. "Está em
pleno processo de ruína, isso me interessa, é um desafio que acaba
engolindo as obras."
Ela colou duas de suas fotografias -uma imagem da irmã feita há 20
anos e um camelo no zoológico- numa sala vazia da cobertura. Fica um
grande silêncio observado por essas criaturas que destoam do estilo
eclético de quase 90 anos atrás.
"Isso acontece pela força que esse espaço tem", diz Luisa Duarte,
curadora que escolheu o grupo de artistas que ocupam o prédio. "Acaba
gerando trabalhos que não são espetaculares, porque isso não tem a ver
com o lugar, essa plataforma que causa invisibilidade."
Tanto que o projeto de Jaime Lauriano, jovem artista que começou a
carreira mostrando suas obras num porão da Vila Mariana, agora gira em
torno dos sons, e não de imagens, do prédio vazio.
"Vou andando por aí com um gravador", conta Lauriano. "É o silêncio da
casa que me interessa, que traz essas possibilidades plásticas."
Silêncio e pó. Guilherme Peters, outro artista que se aventura pelo
gigante abandonado no centro, teve a ideia de juntar a poeira
acumulada nas salas para recriar imagens históricas do prédio ainda em
funcionamento.

REVITALIZAÇÃO
Mas obras e marketing à parte, é um projeto em sintonia com a
alardeada revitalização do centro paulistano.
Não muito longe dali, a Faap mantém uma residência artística na praça
do Patriarca. Um prédio vizinho recebeu o acervo de um colecionador
que pretende abrir o espaço para visitação.
Na São João, desembocando no Anhangabaú, uma galeria de arte africana
e um hotel de Ramos de Azevedo recebem mostras temporárias.
Enquanto isso, muda a rotina do Sampaio Moreira. O artista Marcos
Brias não terminou de criar sua obra, mas costuma comprar doces dos
monges no mosteiro de São Bento e se encanta com o badalar dos sinos
das igrejas.
No estúdio ao lado, Clara Ianni também pensa ainda em como transformar
a vida nova no velho arranha-céu em alguma obra de arte.
"Tem toda essa memória, tem um resto de carpete, uma cortina, as
marcas dos lustres", observa. "É o centro de São Paulo, um prédio
abandonado. Deixo essa experiência informar o trabalho."
RED BULL HOUSE OF ART
QUANDO abertura, 20/12; qua. a sáb., das 10h às 20h; até 29/1
ONDE edifício Sampaio Moreira (r. Líbero Badaró, 346)
QUANTO grátis

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Em Fortaleza, igreja gay se torna alvo de ataques

Cerca de 60 religiosos frequentam o local; maioria é gay, lésbica e travesti

Polícia Civil investiga o caso; as agressões começaram em agosto,
quando comunidade foi atingida por pedradas

LUIZA BANDEIRA
DE SÃO PAULO

Uma igreja evangélica que defende a inclusão de homossexuais e cujos
fiéis são na maioria gays virou alvo de ataques em Fortaleza.
A Comunidade Cristã Nova Esperança foi pichada com os dizeres "Morte
aos gay e sapatão (sic)", "Igreja gay filosofia do diabo", "Fora bando
de gays" e "Homofobia não é crime".
A presidente da igreja na cidade, Sara Cavalcante, relatou que pessoas
que passam na rua jogam pedras no local e ameaçam incendiar o imóvel.
De acordo com ela, as agressões começaram com as pedradas, no último
mês de agosto. Depois disso, os cadeados da igreja foram danificados.
Já as pichações começaram em outubro e se intensificaram no mês
passado. Neste mês, até urina, diz Sara, já foi jogada pela porta da
comunidade.
A igreja, que fica no bairro Nova América, não tem placas ou nome na
porta, de acordo com a líder, justamente para evitar exposição.
As pichações mais ofensivas escritas nas paredes da igreja cearense
foram cobertas com tinta.
"Somos uma igreja evangélica pentecostal, só que o diferencial é que
nas outras igrejas os homossexuais têm certa dificuldade de
desenvolver sua área espiritual."

DIVERSIDADE
Sara diz que sua igreja abre as portas para abraçar a diversidade.
"Cremos que a salvação é para todos, que Deus é um só e que todos têm
liberdade de culto", afirma.
A igreja, segundo Sara, está em Fortaleza há três anos e nunca havia
sofrido ataques homofóbicos.
Ela afirma que cerca de 60 religiosos frequentam o local, a maior
parte gays, lésbicas e travestis.

INVESTIGAÇÃO
A Polícia Civil está investigando o caso. Até ontem, os autores das
agressões não haviam sido identificados.
Segundo Felipe Lopes, da Coordenadoria de Diversidade Sexual da
Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Fortaleza, será feito um
trabalho educativo com os moradores do bairro e de uma igreja
metodista que fica na mesma rua.

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AMIGOS...