Programa era raro ponto fora da grade previsível e conservadora da TV brasileira MAURICIO STYCER
ESPECIAL PARA A FOLHA A suspensão da série "Aline", de forma abrupta, no meio da segunda temporada, nesta semana, diz muito sobre o momento de caretice que impera na Globo e, em última instância, na televisão aberta brasileira.
Não que fosse um programa revolucionário, mas era um raro ponto fora da curva em uma grade previsível e conservadora.
Fato pouco comum, a série foi criada a partir de matéria-prima brasileira -a tirinha debochada assinada por Adão Iturrusgarai e publicada na Folha - e não por "inspiração" ou imitação de seriados americanos.
A história da menina com dois namorados, vários amantes e hábitos nada ortodoxos sofreu forte desidratação ao chegar à televisão, mas mesmo assim conseguiu transmitir um raro frescor.
Um dos achados foi a escolha da solar Maria Flor para ser a protagonista. Mais importante ainda foi o tom encontrado para narrar a saga.
Na TV, o trio formado por Aline, Otto e Pedro ganhou um registro mais infantil e bem-humorado, mas não menos ousado e fora dos padrões do que o visto nas tirinhas. Foi a forma encontrada, creio, para tornar o programa aceitável, ainda que no fim de noite, a um público potencialmente mais conservador e menos informado.
Exibida entre outubro e novembro de 2009, "Aline" mereceu uma segunda temporada no início de 2011. Sinal de que foi aprovada.
Oito episódios foram gravados de uma vez, ao longo de um mês, e começaram a ser exibidos em fevereiro, com previsão de encerramento no final de março.
Dias depois da exibição do quarto episódio, o jornalista Flavio Ricco, do UOL, revelou que a série seria suspensa, deixando na gaveta três programas prontos.
Foi interessante observar como essa notícia repercutiu dentro das Organizações Globo. Primeiro, na terça-feira, 1º de março, o site do jornal "Extra" informou, em tom de deboche: "Série moderninha é encurtada por não ter audiência satisfatória".
No dia seguinte, no jornal "O Globo", a colunista Patrícia Kogut escreveu: "A verdade extraoficial é que o namoro de três protagonistas de "Aline" dividia opiniões nos bastidores desde a primeira temporada. Uma corrente mais conservadora não gostava mesmo do programa".
Na quinta-feira, Kogut voltou ao assunto para informar que "a Globo, através de sua assessoria, diz que houve problemas de audiência". Na Folha, ontem, Keila Jimenez informou que a direção da emissora não gostou de ver uma sugestão de "suingue" entre os casais formados pelos pais separados de Aline.
Por falta de audiência ou excesso de moralismo, ou ambos, o fato é que a suspensão de "Aline" sinaliza uma condenação à ousadia e premia os que apostam em mais do mesmo na TV.
ESPECIAL PARA A FOLHA A suspensão da série "Aline", de forma abrupta, no meio da segunda temporada, nesta semana, diz muito sobre o momento de caretice que impera na Globo e, em última instância, na televisão aberta brasileira.
Não que fosse um programa revolucionário, mas era um raro ponto fora da curva em uma grade previsível e conservadora.
Fato pouco comum, a série foi criada a partir de matéria-prima brasileira -a tirinha debochada assinada por Adão Iturrusgarai e publicada na Folha - e não por "inspiração" ou imitação de seriados americanos.
A história da menina com dois namorados, vários amantes e hábitos nada ortodoxos sofreu forte desidratação ao chegar à televisão, mas mesmo assim conseguiu transmitir um raro frescor.
Um dos achados foi a escolha da solar Maria Flor para ser a protagonista. Mais importante ainda foi o tom encontrado para narrar a saga.
Na TV, o trio formado por Aline, Otto e Pedro ganhou um registro mais infantil e bem-humorado, mas não menos ousado e fora dos padrões do que o visto nas tirinhas. Foi a forma encontrada, creio, para tornar o programa aceitável, ainda que no fim de noite, a um público potencialmente mais conservador e menos informado.
Exibida entre outubro e novembro de 2009, "Aline" mereceu uma segunda temporada no início de 2011. Sinal de que foi aprovada.
Oito episódios foram gravados de uma vez, ao longo de um mês, e começaram a ser exibidos em fevereiro, com previsão de encerramento no final de março.
Dias depois da exibição do quarto episódio, o jornalista Flavio Ricco, do UOL, revelou que a série seria suspensa, deixando na gaveta três programas prontos.
Foi interessante observar como essa notícia repercutiu dentro das Organizações Globo. Primeiro, na terça-feira, 1º de março, o site do jornal "Extra" informou, em tom de deboche: "Série moderninha é encurtada por não ter audiência satisfatória".
No dia seguinte, no jornal "O Globo", a colunista Patrícia Kogut escreveu: "A verdade extraoficial é que o namoro de três protagonistas de "Aline" dividia opiniões nos bastidores desde a primeira temporada. Uma corrente mais conservadora não gostava mesmo do programa".
Na quinta-feira, Kogut voltou ao assunto para informar que "a Globo, através de sua assessoria, diz que houve problemas de audiência". Na Folha, ontem, Keila Jimenez informou que a direção da emissora não gostou de ver uma sugestão de "suingue" entre os casais formados pelos pais separados de Aline.
Por falta de audiência ou excesso de moralismo, ou ambos, o fato é que a suspensão de "Aline" sinaliza uma condenação à ousadia e premia os que apostam em mais do mesmo na TV.