quinta-feira, 3 de março de 2011

Carta de repúdio às atrocidades cometidas por skinheads e neonazistas


CARTA-ABERTA

Em repúdio às atrocidades cometidas por skinheads e neonazistas

 

Por meio desta carta, dirigida aos movimentos sociais, imprensa e sociedade civil como um todo, buscamos expressar nosso repúdio ao ataque organizado por um grupo de cerca de 10 neonazistas contra o evento “Jornadas Anti-Fascistas” no último sábado (26 de fevereiro de 2011), nas proximidades do espaço autônomo Ay Carmela. Este acontecimento lamentável só frisa mais uma vez a necessidade urgente de que as discussões sobre esta problemática sejam ampliadas, e de que medidas concretas sejam tomadas. 



A agressão


O ataque organizado pelo grupo buscava interromper o evento, atacar violentamente os presentes, e possivelmente destruir um espaço autônomo de práticas libertárias.

Todos os membros do grupo estavam armados com facas, bastões de madeira, soco inglês e até uma espingarda de chumbinho.

O evento contava com a presença de grupos de RAP e bandas Punks, e entre as mais de 30 pessoas presentes havia, inclusive, crianças de colo.

 

Nas proximidades do evento, a primeira agressão já deixou muito clara a orientação política do grupo de skinheads: um jovem negro que tem uma perna mecânica e trabalha como catador de lixo. As outras 3 vítimas também seguem essa mesma característica, são jovens negros moradores da periferia de São Paulo, que foram atacados pelo simples motivo de estarem realizando um evento em memória de todas as vítimas da intolerância. Os agressores tinham claro qual seria o alvo, acabar com a memória, coagir algumas das poucas vozes que diariamente seguem denunciando as agressões por parte desses grupos de extrema-direita.

Os skinheads ainda afirmaram para os companheiros agredidos que "haviam pego mais um 'macaco'", reforçando mais uma vez o cunho racista e intolerante de suas ações. A população que estava no local se indignou com o ocorrido e solidarizou com os companheiros feridos.

 

O evento

A Jornada Anti-Fascista é um ato político-cultural organizado pelo Movimento Anarco Punk de São Paulo há 11 anos, que surgiu da indignação ante ao assassinato de Edson Neris em fevereiro de 2000, espancado até a morte por um grupo de mais de 20 skinheads com chutes e golpes de soco inglês, por ser homossexual e estar de mãos dadas com outro homem.

Nestes onze anos foram organizadas durante o mês de fevereiro uma série de atividades envolvendo atos públicos, panfletagens, debates, palestras, exposições, apresentação de bandas, exibições de vídeos e sobretudo a denúncia das ações intolerantes praticadas por grupos nazi-fascistas e skinheads. Todas essas atividades sempre foram organizadas em conjunto com a participação de diversas entidades da Sociedade Civil, como ONGs, movimentos sociais, grupos culturais e etc.

Nas diversas localidades em que foram organizadas estas atividades, em regiões centrais e periféricas, a proposta presente foi o combate ao racismo, a homofobia, a xenofobia e toda forma de intolerância. Uma luta da qual também partilham grupos e movimentos sociais diversos com os quais pudemos nos unir.

Como fruto do reconhecimento deste trabalho de denuncia de atitudes, práticas e grupos intolerantes junto aos movimentos sociais, em 2005 o Movimento Anarco Punk recebeu o prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, da Associação do Orgulho GLBT de São Paulo, que conforme contato enviado pelo então presidente da associação Reinaldo Pereira Damião, "significa antes de tudo o reconhecimento dessa ação como algo de alta representatividade na vida dos homossexuais do Brasil e da sociedade de maneira geral, uma vez que o conteúdo da programação repercutiu de tal forma na militância homossexual, que hoje essa ação é seguida por vários grupos, inclusive a própria Associação do Orgulho GLBT de S. Paulo."

No último final de semana ocorria, então, a atividade de fechamento das Jornadas de 2011, com um ato público na Praça da República e ainda um evento com atividades culturais no espaço Ay Carmela, no centro da cidade.


Combatamos o nazi-fascismo!


Declaramos aqui nosso repúdio à agressão racista e intolerante de 4 companheiros por este grupo de skinheads, lembrando ainda que este não é um fato isolado, somando-se a ele centenas de casos semelhantes que acontecem há anos com assustadora frequência não só na cidade de São Paulo mas no mundo inteiro, provocando mortes, espancamentos, e danos diversos.

Frisamos que este acontecimento não pode de forma alguma ser pensado como uma "briga entre gangues", como muitas vezes a imprensa costuma noticiar tais agressões. Faz-se necessário politizar e problematizar estas agressões, e deixar de lado a idéia de que a ação destes grupos skinheads se limita a uma inofensiva briga de jovens.

Pensar desta forma é fechar os olhos para as centenas de casos de homossexuais, negros/as, nordestinos/as, imigrantes, punks e outros tantos grupos que já sofreram agressões semelhantes; é fechar os olhos para a crescente onda nazi-fascista que tem levado inclusive a juventude de classe média paulistana a organizar manifestos contra nordestinos/as ou mesmo a recente organização de um ato de cunho xenófobo pela extradição de Casare Batisti; é esquecer os grupos fascistas que maquiam seu discurso para ingressar na política e fazer valer seus ideais intolerantes.
Segundo informações divulgadas pela policia, existem milhares de indivíduos envolvidos em movimentações neonazistas já identificados em São Paulo. Porém nada é feito de forma efetiva e concreta, e tais indivíduos e grupos permanecem agredindo pessoas sem que nenhuma atitude seja tomada pela sociedade.

Essa nota não se limita apenas a essa agressão, mas diz respeito a todas as agressões e práticas neonazistas que ainda existem - seja elas por vias violentas ou institucionais - e devem ser combatidas. Busca chamar a atenção para algo que sofremos há muito tempo: a violência intolerante e fascista!

Os casos de agressão a negros, homossexuais e imigrantes vem crescendo assustadoramente. Podemos encontrar sites, perfis de comunidades sociais na internet, e em muitos bairros da cidade indícios da existência desses grupos. Podemos encontrar no rosto, no corpo e nas mentes de nossos irmãos e até de nós mesmos as cicatrizes dessa violência. Podemos encontra na conivência e na omissão por parte do Estado e dos órgãos de "segurança" o terreno fértil para a proliferação destes grupos.

A intolerância faz parte da lógica explorador X explorado, serve para tentar nos reduzir, serve para nos coagir para que nos encaremos enquanto inferiores, serve para deixarmos no passado as agressões que já existiram e torcer pra que não soframos mais.

Essa nota tem a intenção contrária, serve para nos lembrar que somos fortes, e resistimos até agora a toda essa violência, para lembrarmos que juntos podemos construir novos alicerces baseados no respeito, no apoio mútuo e na diversidade.

Serve pra nos lembrar que, se somos atacados é porque somos um perigo para esses grupos e para essas idéias, e para lembrarmos que nenhuma agressão intolerante será tolerada e esquecida.

Somos zumbi, somos os/as camelôs, somos os/as moradores/as de rua, somos Edson Neris, somos rappers, punks, somos homossexuais, imigrantes, negros/as, amarelos/as, vermelhos/as, brancos/as e nosso colorido pode sobrepor e combater essa violência!


Com esta carta fazemos um chamado a todos/as que de alguma forma se indignam com esta realidade, para que possamos combatê-la juntos/as, das mais diversas formas e nos mais diversos meios! Nos colocamos à disposição para contatos, atuações conjuntas e tudo o que possa fortificar a luta contra o racismo, a xenofobia, a homofobia e toda forma de intolerância nazi-fascista!


Propomos aqui aos movimentos sociais e indivíduos engajados nestas lutas uma reunião no dia 12 de março (sábado) para discussão de ações conjuntas e outras propostas. Caso tenha interesse, entre em contato!


A Luta Contra o Fascismo é a Luta pela Liberdade!


> Movimento Anarco Punk de São Paulo

Cx. Postal 1677 CEP 01032-970 SP/SP | map.sp@anarcopunk.org

> Anarcopunk.org | info@anarcopunk.org

 

 

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Monise, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), cita em seu currículo Lattes trabalhos que fez para a Angra.

Consultoria usava funcionários da Segurança 

Empresa Angra, de sociólogo demitido da secretaria, pagava a profissionais da pasta

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO 

A Angra Consultoria, empresa que utilizava dados sigilosos da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo em serviços que vendia para clientes privados, trabalhava com funcionários da pasta, segundo documentos obtidos pela Folha.
Um orçamento de R$ 85,9 mil da Angra, de 2009, citava cinco profissionais. Quatro deles foram funcionários da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), segundo a assessoria de imprensa da secretaria. Um dos nomes citados ainda trabalha lá.
A CAP é o órgão que concentra as estatísticas criminais da polícia paulista.
Anteontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) demitiu o sociólogo Túlio Kahn, chefe dessa seção, depois de a Folhater revelado que ele era sócio da própria Angra.
Para Alckmin, a atividade pública de Kahn é incompatível com os negócios dele.
São os seguintes os profissionais que aparecem no orçamento da Angra e foram ou são funcionários da Secretaria da Segurança: Túlio Kahn, André Zanetic, Cristiane Ballanotti, Tatiana Moura e Monise Picanço.
Monise, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), cita em seu currículo Lattes trabalhos que fez para a Angra.
Zanetic foi da secretaria, continua no órgão, mas agora com salário pago pela Federação das Empresas de Transporte de Carga, segundo um protocolo de intenções assinado em 2006.
A federação paga R$ 7.000 a dois funcionários da CAP para atuarem dentro da secretaria em levantamentos sobre roubo de carga.
A Angra tinha entre seus clientes a GR - Garantia Real, que atua na área de segurança privada, e a Emplasa, uma empresa do próprio governo do Estado. Para a GR a Angra fez um levantamento sobre roubos e assaltos a condomínios em São Paulo.
Há suspeitas de que a Angra funcionava dentro da própria secretaria. O endereço que aparece no contrato social da empresa, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo), é um apartamento. Não há empresa no prédio, segundo o porteiro.

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Atropelador de ciclistas no RS é preso em hospital

Ricardo Neis está internado sob escolta policial, suspeito de tentativa de homicídio

Rafael Andrade/Folhapress
Solidário aos ciclistas atropelados em Porto Alegre na última sexta, grupo protestou ontem no centro do Rio de Janeiro 

GRACILIANO ROCHA
DE PORTO ALEGRE

O bancário Ricardo Neis, 47, que atropelou e feriu pelo menos 16 ciclistas, foi preso por volta das 6h30 de ontem em um hospital psiquiátrico da zona sul de Porto Alegre. Uma equipe de policiais o mantém sob escolta, porque ele está internado no local.
O Hospital Parque Belém, onde Neis deu entrada anteontem à noite, não quer mantê-lo no local após ameaças e pressões de pessoas revoltadas com o caso.
No final da tarde de ontem, a instituição emitiu uma recomendação à Justiça para que o transfira para uma unidade psiquiátrica fechada.
Segundo o hospital, o atropelador sofre depressão profunda, com risco de suicídio.
O delegado Gilberto Montenegro, que investiga o caso, já pediu que o preso fique no Instituto Psiquiátrico Forense de Porto Alegre.
A transferência depende da juíza Rosane Michels, a mesma que decretou a prisão preventiva dele na terça.
Neis foi indiciado sob suspeita de tentativa de homicídio duplamente qualificado (por motivo fútil e sem defesa para as vítimas).

OUTRO LADO
A defesa de Neis tenta evitar que ele seja transferido para o Instituto Psiquiátrico Forense, alegando que o local é inadequado para seu tratamento.
O advogado Jair Junco disse que pedirá um habeas corpus para suspender a prisão preventiva. "Ele não oferece risco à vida de qualquer outra pessoa que não a sua."

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AMIGOS...