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domingo, 9 de setembro de 2012
O criminoso é o eleitor - Manifesto antieleitoral
Albert Libertad
Em março de 1906, o semanário anarquista editado em Paris, L’Anarchie, publicou
um manifesto antieleitoral escrito por Albert Libertad, jovem anarquista de 31 anos,
intitulado O criminoso é o eleitor. O manifesto sobreviveu a mais de cem anos de
prática eleitoral conservando o mesmo frescor e a mesma vivacidade. É sem dúvida
uma das joias da experiência anarquista. Em meio à lama eleitoral, lê-lo ajuda-nos
manter a saúde! [Nildo Avelino]
És tu o criminoso, ó Povo, por que és tu o Soberano. És, é verdade, o criminoso inconsciente
e ingênuo. Votas e não vês que tu és a própria vítima.
Entretanto, ainda não sofrestes suficiente para ver que os deputados, prometendo defender-te,
como todos os governos do mundo presente e passado, são mentirosos e impotentes?
O sabes e ainda assim te lamentas! Sabes e os elege! Os governos, quaisquer que sejam,
trabalharam, trabalham e trabalharão por seus próprios interesses, da sua casta e corporação.
Onde foi e como poderia ser diferente? Os governados são subalternos e explorados:
conheces quem não o seja?
Quanto mais recusas a responsabilidade de produzir e viver a teu modo, tanto mais
suportarás, por medo, e forjarás tu mesmo, por crença na autoridade, chefes e diretores;
saibas também que teus delegados e mestres viverão do teu trabalho e da tua imbecilidade.
Tu te lamentas de tudo! Mas, não és tu mesmo o autor das mil chagas que te devoram?
Lamentas da polícia, do exército, da justiça, das delegacias, das prisões, das câmaras, das
leis, dos ministros, do governo, dos financistas, dos especuladores, dos funcionários, dos
patrões, dos padres, dos proprietários, dos salários, do desemprego, do parlamento, dos
impostos, dos fiscais, dos locadores, da carestia dos víveres, da terra e dos aluguéis, das
longas jornadas na fábrica e na indústria, da magra ração, das privações sem número e da
massa infinita das desigualdades sociais.
Lamentas, mas queres a manutenção do sistema em que vegetas. Às vezes te revoltas, mas
apenas para sempre recomeçar. És tu que tudo produz, que trabalha e semeia, que forja e
tece, que amassa o trigo e transforma, que constrói e fabrica, que alimenta e fecunda!
Porque então não consomes segundo tuas necessidades? Porque tu és mal vestido, mal
alimentado, mal abrigado? Por que é o sem pão, o descalço, o sem teto? Porque não és teu
próprio mestre? Porque te curvas, obedeces, serves? Porque és o inferior, o humilde, o
ofendido, o servidor, o escravo?
“Le criminel c’est l’électeur”, disponível em:
http://fr.wikisource.org/wiki/Le_Criminel_c%E2%80%99est_l%E2%80%99%C3%A9lecteur. Consultado em set/2012. Tradução
de Nildo Avelino.
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