Evento terá 110 atrações artísticas grátis na região, de hoje a 1º/4
IURI DE CASTRO TÔRRESDE SÃO PAULO
As ruas são para dançar. E para assistir a filmes, praticar ioga, fazer arte. É esse o mote do BaixoCentro, festival que começa hoje, às 20h30, com o evento de curtas Cinoia e ocupa por dez dias avenidas e praças da região central de São Paulo.
Idealizado por "moradores" da Casa da Cultura Digital, imóvel na Barra Funda que reúne empresas ligadas à internet, o festival conta com 110 atividades gratuitas.
Às 21h30, sobre o Minhocão, depois de fechado ao trânsito, será gravado um documentário colaborativo.
"São Paulo está se tornando cada vez mais fechada, com clubes caros e poucas opções nas ruas", diz Lucas Pretti, um dos 500 idealizadores do projeto. "As ruas são para usar e para compartilhar. Sentimos que havia uma demanda por cultura livre."
O festival foi posto de pé por meio de um financiamento coletivo pela internet. Custou R$ 16 mil.
"Mas ainda precisamos contar com a colaboração de vizinhos, porque está bem apertado. Vamos tomar emprestado luz elétrica e banheiro", diz Pretti, aos risos.
Para ele, o projeto opõe duas visões sobre a cidade. Uma seria a da Prefeitura, que "limpa" o centro expulsando moradores de rua e desapropriando favelas.
A outra reivindica o "direito à cidade", ou seja, quer tomar as ruas e "dar um sentido a São Paulo".
A maior parte dos projetos inscritos -só ficaram de fora propostas com alto custo técnico- reflete a relação dos paulistanos com o centro.
Para coroar a "retomada" do centro, no próximo domingo, será montado um parque em cima do Minhocão, com grama artificial e piscina.
"Somos promotores culturais", diz Pretti. "Imagine se advogados e arquitetos decidissem fazer a mesma coisa pelo centro de São Paulo..."