terça-feira, 16 de novembro de 2010

Larte, materia A CAPA

 
 Por Marcelo Hailer* 12/11/2010 - 15:34


 

A frase do título desta matéria foi dita por Laerte, 59, e sintetiza o atual momento de um dos principais cartunistas do Brasil, que ficou conhecido por suas tiras publicadas no jornal "Folha de São Paulo".

Mas que novo mundo de possibilidades é esse? Laerte revela que está se montando e frequentando grupos de crossdressers. De acordo com o cartunista, quando ele usava roupas masculinas, era como se estivesse "vestindo" outra pessoa. Já com o aparato feminino, ele diz que portas se abriram "para um monte de desafios, propostas e sugestões".

Nesta entrevista, Laerte conta que tudo faz parte de um processo de "ressignificação" de sua pessoa e revela ainda a experiência de levar uma cantada de outro homem.

Você falou da descoberta de novos rumos e prazeres diferentes. O fato de você estar se montando tem a ver com isso?
Sim. É uma porta que se abre, é um mundo diferente, é uma nova rede de possibilidades de viver, de transformar, de fazer amigos e de influenciar pessoas.

Essa questão de diferentes prazeres envolve a questão de atração e sexualidade?
Envolve. Mas essa é uma área que eu não abro, que mantenho privada. Costumo dizer que sou bissexual e ponho limite a isso. A minha história sexual tem as duas coisas. O gênero e a sexualidade são áreas diferentes. Nesse mundo de crossdressers e travestis, existem heterossexuais também. A vontade de cruzar a fronteira do gênero nem sempre é a vontade de ter também um contato homossexual. Existem homossexuais que não são transgêneros e existem transgêneros que são heterossexuais.

Você declara que esse é um desejo que se anuncia há muito tempo. Você reprimiu?
Eu digo que não tinha consciência disso. O que tenho reparado nas conversas com as pessoas hoje é que todas as experiências de adulto começaram sempre na infância, é quase unânime você escutar: 'aos seis, sete anos eu me vestia com a roupa da irmã, eu pegava o vestido...'

E aconteceu isso com você?
Mais ou menos. Eu gostava de saiotes, me vestia de grego, mas era uma coisa confusa e meio nebulosa. O que sinto é que quando me travesti pela primeira vez foi como se tivesse reencontrado uma sensação de familiaridade, não era uma ideia estranha. Gostava de algumas coisas que pertenciam ao universo feminino, como cozinhar, costurar, sempre quis fazer essas coisas.

Você declarou que em alguns momentos se veste com roupas femininas dos pés à cabeça e vai para a rua. Já mexeram com você?
Já (risos).

E como foi?
O cara estava completamente bêbado. Foi divertida a experiência. Foi inédito ser cantado vestindo o aparato feminino. Foi curioso porque existe na abordagem do macho uma peculiaridade que é diferente e de certa forma específica desse tipo de trâmite. É diferente da cantada homossexual e da heterossexual. Tem essa cantada transgênero que é engraçada. É uma experiência nova.

Qual o guarda-roupa que hoje te interessa mais?
O feminino. O guarda-roupa masculino virou uma coisa sem sabor, uma coisa sem muito critério. Quando uso o guarda-roupa masculino visto qualquer coisa, qualquer calça. Então, a roupa masculina para mim era como se estivesse vestindo outra pessoa. E vestir roupa feminina é abrir as portas para um monte de desafios, propostas e sugestões.

Você ainda frequenta o grupo de crossdressers?
Frequento. A gente tem tentado manter esse grupo unido, temos tentado manter uma certa rotina de encontros. Mas não é muito fácil, pois é um grupo bem volátil, tem pessoas que aparecem e se entusiasmam, mas depois deixam o grupo por medo ou por excesso de situação. Os comportamentos são muitos erráticos, então tem gente que se encontra naquilo e fica à vontade. Tem outros que vêm e ficam nervosos e atônitos com as possibilidades. Entram em pânico.  Por isso, o grupo varia muito.

* Matéria originalmente publicada na edição nº 38 da revista A Capa.

Posted via email from franciscoripo

escritor João Silvério Trevisan

É a ideologia de que "veado" é para matar, diz escritor
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Militante dos diretos dos homossexuais, o escritor João Silvério
Trevisan, 66, credita os recorrentes episódios de homofobia a uma
ideologia de que "veado é para matar".


Folha - Como se explicam episódios recorrentes de homofobia em meio a
avanços de direitos dos homossexuais?
João Silvério Trevisan - Há um descompasso entre o que é prometido por
leis ou por políticas públicas e o que, de fato, acontece.

Qual é a consequência?
Não por acaso, temos a maior parada gay do planeta, em São Paulo, e
convivemos com esse tipo de atitude de pessoas que se julgam impunes e
pensam: "veado" é para matar. É o subtexto.
Os homossexuais reagem?
Há uma profunda despolitização da sociedade homossexual quanto aos
seus direitos. A comunidade gay tem dificuldade para reagir. É
assustadora a maneira como as pessoas fogem, como se aceitassem que
merecem ser punidas por serem homossexuais. É um outro lado muito
triste dessas agressões. A reação está à altura daquilo que os
atacantes esperam: ou seja, que "veado" é "cagão".

Posted via email from franciscoripo

Acusados de agressão na Paulista são soltos

VIOLÊNCIA
Pouco depois das 6h30 de anteontem, três jovens foram espancados pelos
cinco rapazes em plena avenida Paulista. Uma das agressões, contra o
estudante de jornalismo Luís, 23, foi vista pelo radialista Wladimir,
37, que saía do trabalho. Os dois pediram para não ter os sobrenomes
revelados.
"Vi o grupo espancando um rapaz e chamei a polícia, que chegou rápido,
pois já tinha sido avisada de outra agressão", disse Wladimir. Segundo
a polícia, o mesmo grupo de jovens havia agredido minutos antes os
amigos Otávio Dib Partezani, 19, e Rodrigo Souza Ramos, 20.
A família de Luís diz que processará os agressores.
Outra agressão, ocorrida às 3h, contra o lavador de carros Gilberto
Andrade, 18, também é atribuída a eles. Os jovens, segundo o advogado,
negam essa agressão.
Um dos amigos do estudante de jornalismo Luís, que presenciou as
agressões, diz que os rapazes pareciam estar alcoolizados. O advogado
Machado nega e diz que a polícia não pediu nenhum teste toxicológico a
eles.

Posted via email from franciscoripo

AMIGOS...