terça-feira, 8 de março de 2011

Emma Goldman (1869-1940)

Emma Goldman nasceu em 27 de junho de 1869, em Kaunas (naquela época chamada de Kvno) na Lituânia, no interior de uma família judia. Em 1885, portanto com apenas 16 anos de idade, emigraria para os Estados Unidos, fugindo dos país que a submetiam a uma vida de opressão e puritanismo. Através da suas atividades políticas e literárias, particularmente da sua luta contra a opressão da mulher, tornar-se-ia uma das mais importantes e influentes mulheres dos Estados Unidos neste século.


Emma Goldman

Segundo seus próprios relatos autobiográficos, Goldman nasceu de um casamento de conveniência, onde seus pais, Abraham e Trauve Goldman, a tratavam com frieza e ressentimento porque era considerada, como mulher, como nada mais que um ônus financeiro. Se pai, um administrador teatral costuma espancá-la pelos motivos mais insignificantes.

Sua vida afetiva e sexual, que Goldman utilizaria como um instrumento de denúncia da condição da mulher, foi marcada pela violência dos pais e por um incidente violento de estupro quando contava apenas com 12 anos de idade.

Ruptura com a família

A família Goldman mudou-se para Königsberg (depois Kaliningrado) e, em seguida, para S. Petersburgo. Nesta última cidade, pela primeira vez, entrou em contato com as idéias revolucionárias através do círculo dos militantes da organização populistaA Vontade do Povo (Narodnaia Volia) uma ramificação da organização original do populismo russo, a Terra e Liberdade (Zemlia e Volia) que ingressou, diante do sufocamento da atividade política, ingressou na via do terrorismo, através da tentativa de assassinato dos chefes do regime, chegando, inclusive a assassinar o próprio Czar. Este contato inicial, no entanto, não deu início à atividade política de Goldman, que somente se desenvolveria nos EUA.

A descoberta, por seu pai, do seu envolvimento com A Vontade do Povo, levou a uma intensificação da violência contra Emma, o que a fez rebelar-se fugir para os EUA em 1885.

Nas origens do movimento operário norte-americano


Emma Goldman

Chegando aos EUA Emma Goldman passou a trabalhar em uma indústria têxtil em Rochester, Nova Iorque, um ramo de produção típico de emprego de mão-de-obra feminina e onde se iniciaram as grandes mobilizações de mulheres que levaram ao estabelecimento do 8 de março. Ali, pela primeira vez, assitiu a reuniões dos socialsitas alemães que buscavam organizar o movimeno operário norte-americano.

Emma Goldman iniciou efetivamente a sua militância política em conexão com as importantes lutas sindicais dirigidas por anarquistas e socialistas. Causoui enorme impressão, o julgamento, condenação à morte e execução dos oito de Chicago como resultado dos acontecimentos do Hay Market, acontecimentos que Goldman acompnahou com enorme interesse em 1886.

A partir daí tornou-se agitadora e jornalista em defesa das lutas operárias e sindicais aproximando-se politicamente do anarquismo.

Em 1889 casou-se com o anarquista russo Alexander Berkman, o qual foi, em 1892, copndenado a 22 anos de prisão pela tentativa de assassinato do empresário Henry Clay Frick durante uma greve na cidade de Nova Iorque.

Em 1893, a própria Emma Goldman é condenada a um ano de prisão acusada de incitação em uma manifestação também na cidade de Nova Iorque.

Emma Goldman e a Revolução Russa

Em 1906, Berkman é libertado. Emma Goldman publica a famosa revista Mother Earth Mãe Terra ) até 1917, quando ambos são presos novamente, desta vez sob a acusão de opor-se ao recrutamento militar para a I Guerra Mundial. Após dois anos de prisão, são deportados para a Rússia, naquele momento, em 1919, mergulhada na guerra civil promovida pelo imperialismo contra o governo de Lênin e Trotski saído da Revolução de 1917.

Tendo se colocado inicialmente a favor da Revolução Bolchevique, Emma Goldman, baseada nos preconceitos democrtizantes do anarquismo vai se colocar em uma posição de condenação da revolução, expressa no seu livro, de 1923, My Dissillusionment in Russia Minha desilusão na Rússia ).


Emma Goldman

Em 1921 Emma Goldman deixa definitivamente a Rússia. Em 1936 vai à Espanha durante a revolução e guerra civil, terminando por radicar-se no Canadá, onde vai morrer em 14 de maio de 1940 em Toronto, Ontário.

Obra e idéias

Emma Goldaman foi autora de um grande número de livros e panfletos, bem como inúmeros artigos em jornais e revistas. Entre eles destacam-se: Patriotismo, uma ameaça para a liberdade , 1908; Um belo ideal , 1908; Em que acredito , 1908; Anarquismo e outros ensaios, 1910; Anarquismo, o que realmente defende , 1911; O significado social do drama moderno , 1914; Amor e casamento , 1914; Minha desilusão na Rússia , 1923; Vivendo a minha vida , 1931; Voltairine De Cleyre , 1932 etc.

Emma Goldman foi uma das fundadoras do moderno movimento de luta das mulheres, o qual está ubilicalmente ligado à luta do movimento operário e pelo socialismo. Emma Goldaman foi agitadora e propagandista em defesa da liberdade sexual da mulher, de denúncia contra o caráter ditatorial do casamento, do ateísmo, da liberdade e da educação sexual das crianças, do direito da mulher ao controle de natalidade e dos direitos civis da mulheres.

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Mulheres

ENTRE A HISTÓRIA E A LIBERDADE
LUCE FABBRI E O ANARQUISMO CONTEMPORÂNEO

Entre a história e a liberdade: Luce Fabbri e o anarquismo contemporâneo é um livro sutil e contundente. Luce Fabbri por Margareth Rago é uma história de autoras libertárias transitando pelo século XX, afirmando o anarquismo. Há um bom tempo se espera por uma história do anarquismo latino-americano alheia a linearidades e exegeses. Nada melhor que inaugurá-la com estas duas grandes mulheres intelectuais, comuns e especiais escritoras, fundadoras de grupos de debates e atuação, agitadas e serenas. Margareth não constrói uma biografia, mas nos leva a acompanhar e atuar no interior da obra de arte que foi a vida de Luce entre a América Latina e a Europa, apanhadas em suas radicalidades de propostas, tensões sociais e resistências. É difícil não apresentar este livro sem a emoção que o atravessa, num tempo em que tanta objetividade festejada nada mais faz do que contribuir para reformar a ordem. As vidas de Luce e Margareth investem na potencialização de liberdades com realização de igualdades. Não pedem licença, autorização, tampouco esperam elogios. Apenas saúdam a vida. Este delicado livro libertário para jovens e adultos, historiadores e libertários em geral evita consagrar o passado de uma delas pela plenipotência acadêmica da outra. Elas se conheceram e foram amigas. Luce se foi depois de viver quase o século XX inteiro debatendo propostas e agitações ao lado dos mais importantes anarquistas. Margareth permanece trazendo mais um pouco de histórias de mulheres anarquistas, inventado autorias, o atual e encontrando ecos. As duas criam uma autoria libertária criteriosa, detalhada e incendiária. Mais do que saber duas ou três coisas sobre o anarquismo contemporâneo, o leitor viverá a intensidade da presença dos anarquistas.

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Feminista libertária...

          MARIA LACERDA DE MOURA (1887-1945)

Margareth Rago

         

   Feminista  libertária, escritora polêmica e oradora prestigiada, Maria Lacerda de Moura se destaca por uma vibrante atuação nos meios políticos, culturais e literários brasileiros, desde as primeiras décadas do século 20, destacando-se pela rebeldia que caracteriza sua experiência pessoal e os inúmeros artigos e livros que publicou. Nascida em Minas Gerais, a 16 de maio de 1887,  forma-se pela  Escola Normal de Barbacena, em 1904 e logo se interessa pelas idéias anticlericais e pedagógicas dos anarquistas, especialmente de Francisco Ferrer y Guardía, fuzilado pelo governo espanhol, em 1909.

Maria Lacerda escreve sobre inúmeros artigos e livros de crítica contundente à moral sexual burguesa, alinhando-se como os anarquistas e radicalizando a denúncia da opressão sexista sobre as mulheres pobres e ricas. Temas dificilmente discutidos por mulheres em sua época,  como  educação sexual dos jovens,  virgindade,  amor livre,  direito ao prazer sexual,  divórcio,  maternidade consciente e prostituição  figuram entre os mais importantes na extensa produção intelectual da militante mineira. Esta produção  abrange tanto artigos publicados em vários jornais e especialmente na imprensa anarquista brasileira, argentina e espanhola, quanto a revista que lança em 1923, intitulada Renascença, especialmente voltada para a questão da formação intelectual e moral das mulheres e numerosos ensaios publicados em livros. Destes destacam-se: Emtorno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Religião do Amor e da Beleza (1926);Han Ryner e o amor plural (1928); Amai e não vos multipliqueis (1932); mulher é uma degenerada? (1932);e Fascismo:filho dileto da Igreja e do Capital(s/d). 
           

Maria Lacerda de Moura é considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil, tendo fundado, em 1921, aFederação Internacional Feminina. Anarco-feminista, é uma das poucas ativistas que se envolve diretamente com o movimento operário e sindical de sua época. Entre 1928 e 1937, a ativista libertária vive numa comunidade em Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, tendo descrito esse período como uma época em que esteve "livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais,religiosos esociais".

A militante anarquista morre no Rio de Janeiro,em 1945.


Nota: O principal livro sobre Maria Lacerda é de Miriam Moreira Leite: Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1986, que acaba de realizar um vídeo sobre essa importante ativista política; veja, ainda, Margareth Rago – DoCabaré ao lar. A utopia da cidade disciplinar (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991, 3ªed.),  cap. II, ppgs.95-110.

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Simplesmente um Luxo!

Conheça Maria Bonita, a cangaceira que faria 100 anos nesta terça-feira

MOACIR ASSUNÇÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Nesta terça-feira (8), uma mulher muito importante para a História do Brasil faria 100 anos de idade. Seu apelido era Maria Bonita, mas ela se chamava Maria Gomes de Oliveira. Ela ficou conhecida por ser a companheira de Lampião, o rei do cangaço. Os dois eram cangaceiros, uma espécie de bandido mais ou menos como o Robin Hood, que lutava contra pessoas muito ricas que exploravam os pobres.

Benjamin Abraão/Divulgação
Maria Bonita Benjamin Abraão/Divulgacão
Maria Bonita e Lampião

Maria Bonita nasceu em 1911, na cidade de Paulo Afonso, na Bahia. Ela foi uma criança típica do lugar onde nasceu e tinha brincadeiras um pouco diferentes das que você conhece hoje: brincava nas lagoas, fazia bonecas de sabugos de milho --os cabelos do sabugo viravam os cabelos das bonecas--, andava a cavalo com o pai José Gomes de Oliveira e até ajudava a plantar milho e feijão.

Seus maiores companheiros nas brincadeiras eram seus irmãos. E ela tinha 11! Mas, como a casa onde moravam era grande, com muitos quartos, tinha espaço para todo mundo. E tinha também um pomar, onde dava para brincar de casinha, de esconde-esconde e de cabra-cega.

No entanto, naquela época, as crianças não aproveitavam muito a infância e se casavam cedo. Maria Bonita, por exemplo, casou quando tinha 16 anos com seu primo José Miguel da Silva, que era sapateiro. Mas, como não se dava bem com o marido, ela se separou logo depois e, aos 18 anos, conheceu Lampião e se apaixonou por ele.

O amor de Maria Bonita e Lampião era como esses que a gente vê no cinema. Ela gostava tanto dele que virou cangaceira como ele.

Vida de herói-bandido

Apesar de ter sido o cangaceiro mais famoso, Lampião não inventou o cangaço. Já existia esse tipo de bandido alguns séculos antes de ele nascer. Mas Lampião, que se chamava, na verdade,Virgulino Ferreira, decidiu ser cangaceiro nos anos 20, depois que seu pai foi morto por um policial e sua mãe morreu de tristeza.

A vida de Lampião, Maria Bonita e um grupo de homens era andar pelo sertão do Nordeste roubando os bens dos fazendeiros e coronéis. Por isso, algumas pessoas achavam que os cangaceiros eram maus, enquanto outras os viam como heróis, que combatiam os ricos.

Para homenagear Maria Bonita, a cidade onde ela nasceu vai organizar exposição de fotos, palestras e outras atividades. Os dois bandidos-heróis também apareceram em muitos filmes, músicas e livros, e são lembrados até hoje em todo o Brasil.

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Movimento “Eu não pago”. Uma iniciativa grega para "não pagar a crise dos outros”

Movimento “Eu não pago”. Uma iniciativa grega para "não pagar a crise dos
outros”

O que começou como uma iniciativa popular está se tornando um movimento de
desobediência civil em todo Estado, que já preocupa o Governo. Os gregos
que optam por não pagar o transporte público e os pedágios rodoviários são
cada vez mais, e os cofres estatais começam a ressentir-se.

Sob o lema "Den Pliróno" (eu não pago) estão agrupados cidadãos de todos
os tipos, com um objetivo comum: "Não pagamos a crise dos outros". Este
movimento decidiu não arranhar o bolso pelo transporte público ou pelos
pedágios nas rodovias. Os ativistas do movimento viajam sem bilhete,
sabotam as máquinas de venda automática ou levantam barreiras nos
pedágios. Publicam fotos em seu site e incentivam a seguir o exemplo.

E o certo é que estão conseguindo. Uma pesquisa realizada pelo MRB e
publicada neste domingo pela imprensa local disse que mais de 56% dos
gregos aprova essa forma de protesto, contra 39% que não apóia.

Iniciativa contagiosa

O número de passageiros que opta por viajar de graça aumentou para quase
40% em ônibus e em até 15% no resto dos meios de transporte, de acordo com
estimativas oficiais recolhidas pela midía. E as empresas concessionárias
estimam que entre 15% e 18% dos motoristas não pagam pedágio, em
comparação aos 6% que assim faziam há menos de um ano atrás. "Falamos
acerca de 8.000 usuários por dia”, afirma Nea Odos, uma empresa que opera
uma das rodovias no país.

O encarecimento das tarifas dos transportes urbanos, que variam entre 28%
e 80% e também nos pedágios, aumentou o tom das ações, que culminaram em 1
de março em uma manifestação que atingiu as portas do Parlamento. "O
pagamento de 1,40 € por um bilhete? Um aumento de 40%, quando tudo mais
reduziu: salários, pensões, subsídios", disse à midía Maro Fassea, um
consultor de TI de 48 anos de idade.

Desde que a Grécia lançou medidas de austeridade para reduzir o déficit e
atender às exigências de Bruxelas e do FMI, funcionários públicos e
aposentados tiveram seus salários e pensões reduzidos. Além disso,
impostos como o IVA subiram ao mesmo tempo, sofrendo com o aumento da
inflação. O resultado é, segundo alguns economistas, uma perda de até 25%
do seu poder aquisitivo.

O resultado é que já são milhares de pessoas que pedem que seja "a
plutocracia" que pague a conta da crise, e exigem que se lute contra a
sonegação de impostos para tapar os buracos no orçamento do Estado.

Os riscos

Isto é assim apesar dos esforços do governo helênico para conter os atos
de revolta pública, endurecendo as multas e criticando duramente seus
instigadores. "Não é um movimento, são uns aproveitadores", declarou
recentemente o porta-voz do governo, Yorgos PetalotÍs.

Por sua parte, o primeiro-ministro grego, Yorgos Papandreu, alertou para o
risco crescente de que este movimento afete não apenas o orçamento do
Estado, mas também futuros investimentos comprometidos pelas empresas. "Se
os contratos falham, o que é uma possibilidade, a credibilidade do país
será prejudicada", disse ele ao Congresso.

Em novembro passado, Papandreu anunciou que tinha sido adiada, até 2021, a
devolução da ajuda da UE, totalizando cerca de 110 mil milhões de euros.

O movimento “Não pago” da Grécia é mais uma das muitas iniciativas dos
cidadãos, que estão surgindo nos países mais afetados pela crise. Na
Espanha, por exemplo, a Rede serve como base à Juventude em Ação,
Anonymous ou Nolesvotes.com, para organizar e divulgar seus protestos
contra a gestão do governo ou aos bancos, por exemplo.

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http://imslp.org/ - Site oferece acesso grátis a acervo com 85 mil partituras

Alimentado por internautas, banco de composições inclui de Mozart a Nazareth

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Villa-Lobos? Ele está lá, assim como Mozart, Gershwin e Ernesto Nazareth. Integram um repertório que está hoje na internet e pode ser acessado, gratuitamente, por qualquer interessado.
Essa é a ideia do International Music Score Library Project (imslp.org), um site que reúne partituras de artistas de diferentes épocas e países e que é alimentado pelos próprios internautas.
Segundo estimativas do site, hoje há mais de 85 mil partituras -número que cresce aos milhares todos os meses, à medida que mais pessoas vão colaborando.
Essa colaboração pode ser feita tanto colocando no site obras que já estão disponíveis na internet quanto escaneando material que, de outra forma, seria muito mais difícil de encontrar.
O International Music Score Library Project usa a plataforma wiki (ou seja, é muito parecido visualmente com a Wikipedia) e adota a mesma cultura: cabe aos usuários o controle de qualidade, seja na indicação de alguma página que esteja faltando, seja na certificação de que ela respeita direitos autorais.
Apesar dessa política de colaboração, o site não escapou de polêmicas e chegou a encerrar suas operações.
Fundado há cinco anos por Edward Guo, então um estudante de conservatório de 19 anos, o International Music Score Library Project deixou de operar em 2007 (e só voltou no ano seguinte), depois que a Universal Edition, uma editora europeia de música, entrou na Justiça acusando-o de violar direitos autorais.
Para as editoras, o projeto é considerado uma ameaça, já que parte dos ganhos delas vem do aluguel e da venda de partituras.
Essa é uma das dificuldades do site: adaptar-se a diferentes legislações. No Canadá, por exemplo, onde seus servidores estão localizados, a proteção vale por 50 anos após a morte do autor. Nos EUA, geralmente ela vale por 70 anos.
Por isso, alguns compositores mortos mais recentemente estão ausentes do site ou têm apenas parte do seu trabalho publicada.

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"Sou um catavento. Não vou contra o vento, não. O vento é a história. Estou aberta para o andar da história. Se ela involuir eu morro."

ROSE MARIE MURARO

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Mas isso não é muito mais uma questão cultural do que de gênero?

"Não. É uma questão biológica. A mulher é obrigada a proteger a vida. O homem é obrigado a buscar comida. Daí as guerras, a corrupção."
(Rose Marie Muraro)

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8 de Março - ENTREVISTA ROSE MARIE MURARO

Quero "empoderar" as mulheres de baixa renda

PIONEIRA DO FEMINISMO NO BRASIL DIZ QUE FALTA CONQUISTAR IGUALDADE DE SALÁRIO ENTRE HOMENS E MULHERES; PARA ELA, MOVIMENTO HOJE É MAIS SILENCIOSO, MAS MAIS PROFUNDO 

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO 

Rose Marie Muraro não para. Aos 80 anos, quase cega e numa cadeira de rodas, ela diz que está muito bem. "Tenho feito de tudo. Escrevo enlouquecidamente."
Seu 36º livro vai se chamar "Um Mundo ao Alcance de Todos". Patrona do feminismo brasileiro, cinco filhos, 12 netos, ela estudou física e economia, mas se notabilizou por levantar a questão feminina e ser uma voz impertinente contra a ditadura. Na sua autodefinição, ela é "porra-louca e pré-arcaica".
Defende hoje o microcrédito e as feiras de trocas.
Nesta entrevista, concedida ontem por telefone a propósito do 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, ela fala de seus projetos atuais e dos rumos do movimento feminista, que hoje acredita ser mais profundo.
Mas que ainda precisa conseguir "o mais importante": igualdade de salários entre homens e mulheres. 

 

Folha - Qual o significado do 8 de Março nos dias de hoje? 
Rose Marie Muraro -
 Agora temos uma mulher presidente da República. Houve um grande avanço na participação da mulher nas estruturas.
Haverá muitas mudanças porque há muitas diferenças entre o homem e a mulher. As Nações Unidas fizeram uma pesquisa em 121 países e descobriram que com mulheres no poder cai o nível de corrupção. O homem pensa primeiro nele e depois nos outros, daí sai a corrupção. A mulher pensa primeiro nos outros depois nela.

Como a sra. define o feminismo hoje? O movimento, que teve importância nos anos 1960, 1970, hoje parece mais enfraquecido.
Ao contrário. Ele está na Presidência da República. Isto me irrita: achar que o feminino é mais fraco porque é menos barulhento.
Ao contrário, está muitíssimo mais forte. Saiu a Lei Maria da Penha, que diminuiu a violência doméstica, que é a primeira violência que a criança vê. É a raiz de todas as outras violências, das guerras etc.

Quais seriam as bandeiras do feminismo hoje?
Mais importante de tudo -que acho que não vai ser conseguido nem nos Estados Unidos por enquanto- é: trabalho igual, salário igual. O resto foi conseguido. Nos EUA, a mulher ganha 80% do que ganha o homem; no Brasil, 70%.
Espero que o feminismo amadureça dentro da sociedade e que haja uma sociedade do homem e da mulher.

Quais são os movimentos de luta da mulher mais importantes no Brasil?
Sou muito adepta da Secretaria de Política para as Mulheres. Hoje em dia, em todas as comunidades populares as mulheres tendem a fazer microcrédito, feiras de troca e diminuírem a pobreza extrema.
É um movimento geral, mas silencioso -97% dos movimentos de transformação da pobreza estão na mão da mulher: o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida. Hoje é cem vezes melhor [em relação aos anos 1960, 1970].
Não faça uma identidade entre grandeza do movimento e barulho. Há muitos movimentos silenciosos, como esses da economia solidária, por exemplo, que são levados por mulheres. É um movimento mais silencioso, mas mais profundo.
Está dando "empoderamento" às mulheres e fortíssimo, até nas áreas rurais.

Qual o seu projeto agora?
Meu projeto é "empoderar" as mulheres de baixa renda, que vão mudar a estrutura da corrupção no Brasil, o que vai fazer os fluxos de dinheiro se voltarem para onde devem. Como na Escandinávia, onde se voltam ao povo, para pão, escola, trabalho.
A corrupção é muito mais séria do que você pensa. Porque o dinheiro em vez de ir para quem precisa, para quem tem fome, vai para quem tem mais dinheiro, para as Ilhas Cayman.
Exemplo: o Lula deu um dinheirinho pequeno, uma esmolinha para os pobres, e fez do Brasil a sétima economia do mundo. E deu um dinheirão para os bancos.

O que as mulheres devem fazer para atingir esse objetivo, o de "empoderamento"?
Microcrédito, feiras de troca e bancos comunitários. Elas se apossarão do dinheiro. Porque nos espaços do Brasil onde já existem essas coisas a mulher é quem faz, negocia. Os homens brigam. Há muita diferença entre homens e mulheres. A mulher é soft; o homem é hard.

Mas isso não é muito mais uma questão cultural do que de gênero?
Não. É uma questão biológica. A mulher é obrigada a proteger a vida. O homem é obrigado a buscar comida. Daí as guerras, a corrupção.
Eu acho que tem a ver com os neurônios masculinos. No cérebro, a maior diferença entre o masculino e o feminino é a área da agressividade.
A gente pode mudar o cérebro com o correr das gerações. Está mudando muito. Só o fato de a população se organizar. Olha a organização dos pobres nos países islâmicos. Isso era impossível há cinco anos. Graças ao Facebook, os pobres estão se reunindo, tendo uma voz, contra os corruptos.
Há grande desigualdade porque há grande desigualdade de dinheiro. A gente está criando um outro tipo de dinheiro, o dinheiro solidário, que não gera juro. O dinheiro que não gera juro gera igualdade.
É um projeto de reformulação das estruturas da sociedade. Já existem 400 bancos comunitários. Vamos apresentar um projeto à Dilma que é um passo além do Bolsa Família.
Estou muito animada. Quando eu comecei me chamavam de prostituta, mal-amada, machona, solteirona. Hoje, os tapetes vermelhos estão abertos para mim. Já não sou vista como uma bruxa contra os homens.

Hoje quem é a vanguarda desse movimento?
Não existe uma vanguarda intelectual. Isso é uma maneira machista e centralista de pensar. Existem movimentos no mundo inteiro, já entrou na sociedade.
Vanguardas? Não sei. Pode ser que as presidentes das repúblicas sejam. Eu não acredito no sistema de liderança como é no sistema masculino, mas num sistema de comunidades, feminino.

E a questão do aborto no Brasil? A presidente disse que não vai mexer nisso.
São 15 países que não têm o avanço. Nos outros todos o aborto é legalizado. Mexer com a Igreja aqui no Brasil é uma barbaridade.
Ruth Cardoso levou [a questão] e a Igreja ficou danada. Jandira Feghali perdeu a eleição no Rio porque era a favor da legalização do aborto. A Igreja tem muito poder no Brasil. As mulheres pobres é que sofrem. Será uma surpresa uma modificação disso no curto prazo.

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AMIGOS...