terça-feira, 8 de março de 2011

Feminista libertária...

          MARIA LACERDA DE MOURA (1887-1945)

Margareth Rago

         

   Feminista  libertária, escritora polêmica e oradora prestigiada, Maria Lacerda de Moura se destaca por uma vibrante atuação nos meios políticos, culturais e literários brasileiros, desde as primeiras décadas do século 20, destacando-se pela rebeldia que caracteriza sua experiência pessoal e os inúmeros artigos e livros que publicou. Nascida em Minas Gerais, a 16 de maio de 1887,  forma-se pela  Escola Normal de Barbacena, em 1904 e logo se interessa pelas idéias anticlericais e pedagógicas dos anarquistas, especialmente de Francisco Ferrer y Guardía, fuzilado pelo governo espanhol, em 1909.

Maria Lacerda escreve sobre inúmeros artigos e livros de crítica contundente à moral sexual burguesa, alinhando-se como os anarquistas e radicalizando a denúncia da opressão sexista sobre as mulheres pobres e ricas. Temas dificilmente discutidos por mulheres em sua época,  como  educação sexual dos jovens,  virgindade,  amor livre,  direito ao prazer sexual,  divórcio,  maternidade consciente e prostituição  figuram entre os mais importantes na extensa produção intelectual da militante mineira. Esta produção  abrange tanto artigos publicados em vários jornais e especialmente na imprensa anarquista brasileira, argentina e espanhola, quanto a revista que lança em 1923, intitulada Renascença, especialmente voltada para a questão da formação intelectual e moral das mulheres e numerosos ensaios publicados em livros. Destes destacam-se: Emtorno da educação (1918); A mulher moderna e o seu papel na sociedade atual (1923); Religião do Amor e da Beleza (1926);Han Ryner e o amor plural (1928); Amai e não vos multipliqueis (1932); mulher é uma degenerada? (1932);e Fascismo:filho dileto da Igreja e do Capital(s/d). 
           

Maria Lacerda de Moura é considerada uma das pioneiras do feminismo no Brasil, tendo fundado, em 1921, aFederação Internacional Feminina. Anarco-feminista, é uma das poucas ativistas que se envolve diretamente com o movimento operário e sindical de sua época. Entre 1928 e 1937, a ativista libertária vive numa comunidade em Guararema (SP), no período mais intenso da sua atividade intelectual, tendo descrito esse período como uma época em que esteve "livre de escolas, livre de igrejas, livre de dogmas, livre de academias, livre de muletas, livre de prejuízos governamentais,religiosos esociais".

A militante anarquista morre no Rio de Janeiro,em 1945.


Nota: O principal livro sobre Maria Lacerda é de Miriam Moreira Leite: Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1986, que acaba de realizar um vídeo sobre essa importante ativista política; veja, ainda, Margareth Rago – DoCabaré ao lar. A utopia da cidade disciplinar (Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991, 3ªed.),  cap. II, ppgs.95-110.

Posted via email from franciscoripo

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