domingo, 17 de julho de 2011

Folha de S.Paulo - Calçadas e estações serão liberadas para artistas de rua - 17/07/2011

Folha de S.Paulo - Calçadas e estações serão liberadas para artistas de rua - 17/07/2011
"após o músico Rafael Pio ser preso numa apresentação na avenida Paulista..."

"após o músico Rafael Pio ser preso numa apresentação na avenida Paulista..."


Calçadas e estações serão liberadas para artistas de rua

Nova regra da prefeitura autorizará atores e músicos a trabalharem nas vias, onde será permitido pedir dinheiro

Metrô também vai liberar apresentações, mas será proibido "passar o chapéu" nos acessos aos trens 

EVANDRO SPINELLI
VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO 

A Prefeitura de São Paulo decidiu "liberar" as calçadas da cidade para os artistas de rua trabalharem. Passar o chapéu vai ser permitido.
Até o Metrô, que hoje limita a atuação de artistas em suas estações, também deve entrar no projeto. As apresentações serão liberadas, mas apenas para artistas selecionados, que não poderão pedir dinheiro aos usuários.
O projeto é parte de uma série de ações que envolvem os artistas de rua e o incentivo ao turismo em São Paulo.
No centro, por exemplo, serão mapeados os melhores lugares para os artistas se apresentarem. Também será instalada sinalização turística para pedestres.
As ações que envolvem os artistas de rua estão sendo negociadas com a classe.
O texto final da portaria que vai regulamentar a atividade deve ser apresentado amnhã, em uma reunião do prefeito Gilberto Kassab (PSD) com líderes do grupo.
Não haverá restrição para a atuação dos artistas, mas foram estabelecidas regras que precisarão ser cumpridas por todos. Por exemplo, eles poderão ocupar no máximo um terço das calçadas, deixando no mínimo 1,20 metro de largura para o tráfego de pedestres. Nas praças, vale a mesma regra.

PROTESTOS
Em dezembro, após o músico Rafael Pio ser preso numa apresentação na avenida Paulista, artistas iniciaram manifestações contra fiscais, guardas municipais e PMs.
Os protestos motivaram uma série de reuniões com a prefeitura, o que resultou na portaria. Os artistas defendiam que não deveria haver regulamentação, pois a liberdade de expressão é garantida pela Constituição.
Já a prefeitura defendia a regulamentação para não prejudicar os pedestres.
Os artistas não precisarão de cadastro e poderão se apresentar e "passar o chapéu" pedindo dinheiro aos espectadores, mas não poderão vender produtos -CDs, livros, DVDs etc. Isso é motivo para uma nova etapa da mobilização, segundo Celso Reeks, líder dos artistas.
A SPTuris (empresa municipal de turismo) vai mapear os melhores locais para apresentações. Os artistas deverão criar uma programação fixa, que será incluída nos materiais de divulgação de roteiros turísticos da cidade.
Entre os locais estão as estações de metrô, muito usadas por turistas.
O Metrô confirmou que estuda participar do projeto de incentivo, mas não autorizará a coleta de contribuições.
Em nota enviada à reportagem, o órgão afirmou que busca uma forma de viabilizar a remuneração dos artistas selecionados.

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Só restou o medo

Envergonhadas, índias relatam terem sofrido abuso sexual praticado há cerca de seis anos por turistas americanos que realizavam excursões de pesca em rios da Amazônia 

Alberto César Araújo/Folhapress
Índias que dizem ter sido vítimas de abuso sexual 

KÁTIA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A AUTAZES (AM) 

O sentimento é de medo, vergonha e discriminação. É o que relatam à Folha quatro jovens índias da etnia mura, que dizem ter sido vítimas de abuso sexual praticado por turistas norte-americanos em excursões de pesca esportiva em rios da Amazônia.
Segundo elas, os estupros aconteceram há, no mínimo, seis anos. As vítimas afirmam que nunca conseguiram esquecer. Os turistas eram brancos, tinham mais de 40 anos, bebiam e tiravam fotos pornográficas.
Envergonhadas e com medo de serem discriminadas, as quatro deixaram a aldeia, na zona rural de Autazes, cidade ribeirinha a 118 km de Manaus. No local, o tema abuso sexual é tabu.
O caso veio à tona após a publicação de uma reportagem do jornal "The New York Times", no último dia 9. Segundo o jornal, a empresa de turismo norte-americana Wet-A-Line Tours é investigada pela Justiça do Estado da Geórgia (EUA) sob suspeita de explorar o turismo sexual no Brasil (leia abaixo).
As jovens aceitaram falar sob a condição de manterem o anonimato. "Minha família não sabe que aconteceu isso comigo. Por isso saí da aldeia e vim morar aqui na cidade. Eles não sabem de uma coisa dessa, não permitem", disse E. Na época, ela tinha 16 anos. Hoje, está com 22.
Elas vivem em extrema pobreza, em palafitas na periferia da cidade. Sobrevivem graças a programas sociais.
"As pessoas da cidade nos olham incomodadas com a situação. Até para conseguir trabalho é difícil. Não saio de casa por isso", disse U., hoje com 28 anos.
O principal investigado nos EUA é o norte-americano Richard Schair, dono da agência Wet-A-Line Tours.
No Brasil, ele e mais cinco brasileiros são processados na Justiça Federal no Amazonas sob a acusação de dez crimes, entre eles, estupro, favorecimento a prostituição infantil e formação de quadrilha. Em depoimento à polícia, eles negaram.
Segundo a Polícia Federal, mais de 15 meninas de aldeias de Autazes foram aliciadas com a promessa de trabalho e salário em dólar. A maioria delas tinha menos de 18 anos na época.
Segundo relatos das vítimas, os abusos ocorreram entre 2000 e 2009.
Hoje com 19 anos, a jovem I. conta que tinha 15 anos quando foi chamada para ser ajudante de cozinha em um dos barcos da Santana Turismo Ecológico, do brasileiro José Lauro Rocha da Silva, parceiro de Schair.
"Estava na cozinha quando eles me chamaram para o quarto. Fiquei nervosa, com medo. Voltei quatro vezes para o quarto, cada vez com um homem diferente. Era contra a minha vontade. Meu sentimento foi de nojo."
Uma das jovens afirmou que foi procurada em junho por um homem que disse trabalhar nos barcos de Lauro e Richard. Ele teria oferecido dinheiro caso elas retirassem o depoimento.

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