quinta-feira, 3 de março de 2011

Monise, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), cita em seu currículo Lattes trabalhos que fez para a Angra.

Consultoria usava funcionários da Segurança 

Empresa Angra, de sociólogo demitido da secretaria, pagava a profissionais da pasta

MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO 

A Angra Consultoria, empresa que utilizava dados sigilosos da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo em serviços que vendia para clientes privados, trabalhava com funcionários da pasta, segundo documentos obtidos pela Folha.
Um orçamento de R$ 85,9 mil da Angra, de 2009, citava cinco profissionais. Quatro deles foram funcionários da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento), segundo a assessoria de imprensa da secretaria. Um dos nomes citados ainda trabalha lá.
A CAP é o órgão que concentra as estatísticas criminais da polícia paulista.
Anteontem, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) demitiu o sociólogo Túlio Kahn, chefe dessa seção, depois de a Folhater revelado que ele era sócio da própria Angra.
Para Alckmin, a atividade pública de Kahn é incompatível com os negócios dele.
São os seguintes os profissionais que aparecem no orçamento da Angra e foram ou são funcionários da Secretaria da Segurança: Túlio Kahn, André Zanetic, Cristiane Ballanotti, Tatiana Moura e Monise Picanço.
Monise, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), cita em seu currículo Lattes trabalhos que fez para a Angra.
Zanetic foi da secretaria, continua no órgão, mas agora com salário pago pela Federação das Empresas de Transporte de Carga, segundo um protocolo de intenções assinado em 2006.
A federação paga R$ 7.000 a dois funcionários da CAP para atuarem dentro da secretaria em levantamentos sobre roubo de carga.
A Angra tinha entre seus clientes a GR - Garantia Real, que atua na área de segurança privada, e a Emplasa, uma empresa do próprio governo do Estado. Para a GR a Angra fez um levantamento sobre roubos e assaltos a condomínios em São Paulo.
Há suspeitas de que a Angra funcionava dentro da própria secretaria. O endereço que aparece no contrato social da empresa, na Vila Madalena (zona oeste de São Paulo), é um apartamento. Não há empresa no prédio, segundo o porteiro.

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