terça-feira, 23 de agosto de 2011

bumba-meu-boi, capoeira, mamulengos, samba de roda, maracatu e grafite


Área no Morro do Querosene vai virar parque municipal

Prefeitura decreta terreno de 35,4 mil m2 no Butantã como de utilidade pública, 1º passo para desapropriá-lo

Criação de área pública permitirá acesso livre a fonte que no século 18 era parada de tropeiros e grupos bandeirantes

EVANDRO SPINELLI
DE SÃO PAULO 

A Chácara da Fonte, no Morro do Querosene, reduto de artistas e intelectuais no Butantã, zona oeste de São Paulo, vai virar parque.
O prefeito Gilberto Kassab (PSD) decretou a área de 35,4 mil m2 de utilidade pública para desapropriação.
A fonte que dá nome ao lugar é do século 18, parada obrigatória de tropeiros e bandeirantes que iam da região de Itu para Santos e a cidade de São Paulo. O terreno também tem ainda um remanescente de mata atlântica.
Moradores do bairro -conhecido por manifestações culturais como bumba-meu-boi, capoeira, mamulengos, samba de roda, maracatu e grafite- se mobilizam há anos para tombar o terreno por seu valor histórico e fazer um parque na área.
A disputa esquentou em 2008, quando vizinhos do terreno construíram um muro que dificultou o acesso à fonte secular e ainda diminuiu a largura da rua de 85 m para 45 m. Com a criação do parque, o acesso à fonte será reaberto, mas não se sabe se o muro continuará de pé.
"É um primeiro passo. Pelo menos o poder público não fica em cima do muro, como estava até agora. Essa é uma área que resta ainda inexplorada pela especulação imobiliária", disse o músico Dinho Nascimento, conselheiro da Associação Cultural do Morro do Querosene.
O decreto de utilidade pública é a primeira etapa para a desapropriação do terreno, mas o processo ainda vai levar um tempo. E, no próprio decreto, já surge uma dúvida: a área tem 39 mil m2, mas Kassab pretende desapropriar 35,4 mil m2.
A diferença equivale à área que faz frente com a avenida Corifeu de Azevedo Marques, onde já estão construídos um posto de gasolina e um restaurante e onde os proprietários pretendem erguer um prédio. A prefeitura não divulgou o mapa do trecho a ser desapropriado.
A família Basile, proprietária do imóvel, informou que está disposta a negociar a desapropriação amigável do terreno, desde que a prefeitura pague o valor de mercado.

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