quinta-feira, 31 de maio de 2012
alex sagobinon Conexões - live streaming video powered by Livestream
Salão Nobre da Faculdade de Educação
(FE-Unicamp)
31-05-2012- ver:
alex sagobinon Conexões - live streaming video powered by Livestream:
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terça-feira, 29 de maio de 2012
IV Seminário Conexões: Deleuze e Política e Resistência e…
Salão Nobre da Faculdade de Educação
(FE-Unicamp)
31-05-2012, 16h30
sábado, 26 de maio de 2012
Livraria Cultura - Pensou cultura, a Cultura entrega
DO GOVERNO DOS VIVOS
CURSO NO COLLEGE DE FRANCE, 1979-1980 (EXCERTOS)
Nildo AVELINO, Apresentação 1ª edição, "DO GOVERNO DOS VIVOS: Foucault e a anarqueologia dos saberes."
"Entretanto, é necessário observar que no Brasil, já em meados dos anos 1980, o trabalho pioneiro de Margareth Rago afirmava nas práticas anarquistas "uma outra concepção do poder", que recusa percebe-lo apenas no campo da política institucional", pontuando na análise foucaultiana "uma perspectiva metodológica que permite repensar a atuação dos anarquistas a partir de outros parâmetros"(RAGO, M. (1985), Do Cabaré ao Lar. A Utopia da Cidade Disciplinar, 1890-1930. Rio de Janeiro: Paz e Terra, p. 14)."
Livraria Cultura - Pensou cultura, a Cultura entrega:
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sexta-feira, 25 de maio de 2012
26-27/05, 18h no CCS:Lançamento da Revista P&T e filme "Salvador"
Lançamento: Revista de Ciências Sociais “Política & Trabalho”
(número 36 – abril de 2012)
Programa dePós-Graduação em Sociologia
UniversidadeFederal da Paraíba/UFPB
Dossiê Estudos Anarquistas Contemporâneos
Organização: Nildo Avelino e Loreley Garcia
Judith Butler - Jesús Sepúlveda - Ruth Kinna - Daniel Colson - Salvo Vaccaro - Saul Newman - John Zerzan - Paulo-Edgar Almeida Resende - Margareth Rago - Silvio Gallo - Nildo Avelino - Bruno Andreotti - Adriano de León.
Ana Godoy - Antonio Motta - Pompilio Lockse Marília Veríssimo Veronese - Edson Lopes.
27/05/12, domingo, 18h
Biblioteca Terra Livre e Centro de Cultura Social convidam para a exibição do filme:
"Salvador (Puig Antich)”
de Manuel Huerga (Espanha , 2006)
Exibição do filme que conta a história de Salvador Puig Antich, jovem catalão, anarquista e militante do MIL - Movimiento Ibérico de Liberación, que preso após um assalto a banco, foi condenador à pena de morte, pelo método "garrote vil", já no ocaso do regime franquista.em 1974. Esse caso alavancou o processo de redemocratização da Espanha após o fim da era de Franco.
Centro de Cultura Social
Rua General Jardim, 253 sala 22 – Metrô República
Entrada Franca
quarta-feira, 23 de maio de 2012
"DO GOVERNO DOS VIVOS"
Alfredo VEIGA-NETO, Apresentação 2ª edição: " A facilidade de se fazer algo difícil ou, se quisermos, a dificuldade de se fazer algo fácil".
"[...] Por que apresentar, por que tornar presente um pensamento que, desde há muito, contínua presente entre nós? E se não há necessidade de apresentar Michel Foucault e o curso Do governo dos vivos, também não há necessidade de apresentar Nildo Avelino e este seu meticuloso, imenso e rigoroso trabalho de trazer à vida o sempre presente pensamento de Michel Foucault. Ambos, Michel e Nildo, aí estão, presentes e vigorosos; e este livro é a maior prova de suas presenças e vigor."
terça-feira, 22 de maio de 2012
Revista Cult » Exclusivo: SP irá receber Cátedra Foucault no segundo semestre
Revista Cult » Exclusivo: SP irá receber Cátedra Foucault no segundo semestre
domingo, 20 de maio de 2012
Dossiê Estudos Anarquistas Contemporâneos.
"[...], Proudhon esgota o dicionário político:
Ser governado é ser averiguado, inspecionado, espionado, dirigido, legiferado, regulamentado, censurado, comandado por seres que não têm o título, nem a ciência, nem virtude...Ser governado é ser, a cada operação, a cada transação, a cada movimento, anotado, registrado, recenseado, tarifado, timbrado, medido, cotado, cotizado, patenteado, licenciado, corrigido. É ser, sob pretexto de utilidade pública e em nome do interesse geral, taxado, exercido, racionado, explorado, monopolizado, chantageado, pressionado, mistificado, roubado; em seguida á menor resistência, à primeira palavra de queixa, reprimido, multado, vilipendiado, vexado, caçado, brutalizado, abatido, desarmado, garrotado, aprisionado, fuzilado, metralhado, julgado, condenado, deportado, sacrificado, vendido, traído e, como se não bastasse, satirizado, ridicularizado, ultrajado, desonrado. Eis o governo, eis sua justiça, eis sua moral! E dizer que existe entre nós democratas que pretendem que o governo contenha o bem; socialistas que desejam, em nome da liberdade, da igualdade e da fraternidade, essa ignomínia; proletários que colocam sua candidatura à presidência da república! Hipocrisia! [...]."
sexta-feira, 18 de maio de 2012
Clássico da contracultura, filme de Neville d'Almeida perdido por 40 anos terá 1ª exibição no país
Nas margens do mangue
DE SÃO PAULO
Um homem entra em convulsão no meio da Bolsa de Valores. Consegue se arrastar até a porta. Vomita as tripas e desaba numa poça de lama. Em paralelo, galos se engalfinham numa briga sem fim.
Em "Mangue-Bangue", o diretor Neville d'Almeida traça um paralelo entre homem e bicho para construir o que chamou de um "painel de 1971", tempo de milagre econômico, drogas, liberdade sexual, censura e preconceito.
Foi essa a época que o cineasta tentou dissecar nas sequências do filme que rodou no Mangue, zona de prostituição carioca a algumas quadras da Central do Brasil, que visitou com o amigo Hélio Oiticica no começo dos anos 70.
Com medo da ditadura, ele pôs os dois rolos do filme na mala e fugiu para Londres, onde revelou os negativos.
Só dois anos mais tarde, em Nova York, D'Almeida encontrou Oiticica, que morava lá, e decidiu mostrar o filme numa sessão no MoMA, o museu de arte moderna, onde os rolos ficaram esquecidos por décadas até serem reencontrados e restaurados.
Agora, mais de 40 anos depois de feito, "Mangue-Bangue", um clássico perdido da contracultura, será mostrado pela primeira vez no Brasil numa retrospectiva do cineasta no Sesc Santo Amaro.
"Quis fazer um filme de ruptura", disse o diretor ao rever o filme em sessão exclusiva para a Folha, em São Paulo. "Estava revoltado com a censura. Então, queria mostrar as drogas, gente tomando um pico na veia, esse vômito que carrega toda a ditadura, sequências brutais."
Em cena, prostitutas e travestis aparecem se drogando e os atores Maria Gladys e Paulo Villaça encarnam homem e mulher em busca de liberdade -algo entre ode e crítica à condição humana em tempos de exceção.
Trata-se também de uma forma excepcional. O filme foi o ponto de partida da colaboração de D'Almeida e Oiticica que resultou nas "Cosmococas", instalações que mergulham o espectador em imagens, música e cenografia.
Escrevendo sobre o filme, Oiticica identificou na obra uma "edição em blocos geométricos, uma estrutura em moto perpétuo", já que o roteiro, sem texto, embaralha as sequências num vaivém arrebatador de imagens que alternam beleza e repulsa.
Nas palavras de Luis Pérez-Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA, "Mangue-Bangue" oscila entre "o excrementício e o puro, a alvura e o mundano, o agônico e o extático".
Depois de restaurado pelo museu americano a um custo de R$ 200 mil, o filme veio à luz numa sessão em Nova York há quatro anos, no auge da crise financeira que abalou os mercados e instaurou um novo ciclo de miséria.
"'Mangue-Bangue' ganhou então uma dimensão urgente e atual para mim", escreveu Pérez-Oramas. "É a imagem de um mundo de poder reduzido ao vômito, uma crítica radical do nosso tempo e também uma das mais acerbas imagens da decomposição formal na arte ocidental.
Colloque international MICHEL FOUCAULT: DU GOUVERNEMENT DES VIVANTS AU COURAGE DE LA VÉRITÉ
onde comprar: Centro de Cultura Social de São Paulo e Livraria Cultura
R$43,00
Colloque international Michel Foucault
Do governo dos vivos. Curso no Collège de France, 1979-1980 (excertos). 2ª edição revista e ampliada. autor: MICHEL FOUCAULT local de publicação: SÃO PAULO-RIO DE JANEIRO ano de publicação: 2011 peso: 190g 188 páginas
onde comprar: Centro de Cultura Social de São Paulo e Livraria Cultura
R$43,00
Colloque international Michel Foucault:
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quarta-feira, 16 de maio de 2012
DO GOVERNO DOS VIVOS CURSO NO COLLEGE DE FRANCE, 1979-1980 (EXCERTOS)
Enfim, tenho certeza de que esta edição do curso Do governo dos vivos virá preencher brilhantemente uma lacuna na bibliografia foucaultiana em língua portuguesa. Faço votos de que todos aqueles que se interessam pelos estudos foucaultianos encontrem, neste livro, novos elementos para problematizarem o presente e, por aí, se sintam desafiados e encorajados a pensarem de outros modos.
Do governo dos vivos. Curso no Collège de France, 1979-1980 (exc
Qual é o núcleo duro do curso aqui transcrito e comentado? Qual foi o fio que conduziu Foucault ao longo das suas aulas? A resposta não é difícil: foi a história genealógica e a problematização da obediência, da conformação ao governamento (como condução das condutas), na nossa tradição ocidental.
Enfim, tenho certeza de que esta edição do curso Do governo dos vivos virá preencher brilhantemente uma lacuna na bibliografia foucaultiana em língua portuguesa. Faço votos de que todos aqueles que se interessam pelos estudos foucaultianos encontrem, neste livro, novos elementos para problematizarem o presente e, por aí, se sintam desafiados e encorajados a pensarem de outros modos.
Do governo dos vivos. Curso no Collège de France, 1979-1980 (exc: "Alfredo Veiga-Neto (da Apresentação à 2ª edição)"
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terça-feira, 15 de maio de 2012
DOSSIÊ ESTUDOS ANARQUISTAS CONTEMPORÂNEOS
"Quando a lei se torna um instrumento da violência do Estado (e sua força coercitiva que, de alguma maneira, está sempre implicada com a violência), então há que se engajar em formas de desobediência para exigir outra ordem de lei. Desse jeito há que se tornar o que Althusser denomina "um mal sujeito" ou um anarquista provisório ..."
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Centro de Cultura Social-SP
Organização: Nildo Avelino e Loreley Garcia"
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domingo, 13 de maio de 2012
Mães de gays saem em marcha hoje contra a homofobia
Caminhada começa às 17h na esquina da rua Augusta com a Paulista e termina no largo do Arouche, no centro
Evento comemora dia Internacional de Luta Contra a Homofobia e antecede tradicional e badalada Parada Gay
LILO BARROSCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA
CAROLINA LEAL
DE SÃO PAULO
Yuri tinha 12 anos. Estudava em uma escola particular na zona leste de São Paulo. Durante as aulas de francês, o professor escrevia na lousa a palavra "bambi". Depois voltava os olhos para Yuri, ria muito e incentivava que as outras crianças também rissem.
"Ele ainda chora com essa lembrança", conta a mãe de Yuri, Clarice Pires, 60. A empresária é uma das mães de gays que irão se reunir hoje, a partir das 17h, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta, para depois "marchar" em direção ao largo do Arouche (centro de São Paulo).
Ela vai participar da caminhada em comemoração ao Dia Internacional de Luta Contra a Homofobia, organizada pelo governo do Estado e pela Prefeitura de São Paulo.
"Essa ação é para mostrar que não dá mais para que pessoas sejam agredidas ou até mesmo mortas por causa da orientação sexual", diz Heloí-sa Gama, da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania.
No mês que vem, outro evento deve movimentar a comunidade LGBT -a tradicional Parada Gay, no dia 10, com o tema "Homofobia Tem Cura: Educação e Criminalização!".
MÃES UNIDAS
Clarice diz que a história das aulas de francês ainda está entalada na garganta do filho. Yuri é homossexual assumido, tem hoje 34 anos e trabalha em uma empresa em Nova York. Ela conta que sempre respeitou o filho. "Minha preocupação era com os outros."
Reação diferente teve a professora aposentada Edith Modesto, 73. Em 1992, quando a mãe de sete filhos descobriu que o caçula Marcello, 32, era gay, perdeu o chão. "Eu caí dura. Levei uma paulada."
Apesar da crise, o amor de mãe foi maior. Cinco anos depois, Edith fundou o Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), para ajudar outras famílias.
"Quando o filho sai do armário, é a mãe que entra", brinca Edith, que promete ir hoje à passeata na Augusta.
A aposentada Neusa Dutra, 61, que precisou de ajuda para aceitar o filho gay Chico, 29, também. No começo, foi difícil. "Depois de um tempo caiu a ficha. Vi que quem precisava de tratamento era eu, não ele."
sexta-feira, 11 de maio de 2012
Dossiê Estudos Anarquistas Contemporâneos
Revista de Ciências Sociais “Política & Trabalho”
(número 36 – abril de 2012)
Programa de Pós-Graduação em Sociologia
Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Dossiê Estudos Anarquistas Contemporâneos
Organização: Nildo Avelino e Loreley Garcia
Judith Butler u Jesús Sepúlveda u Ruth Kinna u Daniel Colson u Salvo Vaccaro u Saul Newman u John Zerzan u Paulo-Edgar Almeida Resende u Margareth Rago u Silvio Gallo u Nildo Avelino u Bruno Andreotti u Adriano de León.
Ana Godoy u Antonio Motta u Pompilio Locks e Marília Veríssimo Veronese u Edson Lopes.
Lançamento: 26/05/2012, 18h
Centro de Cultura Social
Rua General Jardim, 253 sala 22 – São Paulo/SP
quarta-feira, 9 de maio de 2012
O Culto da Elegância na África Contemporânea
“Não se nasce sapeur, mas nos tornamos sapeur simplesmente porque temos um membro na família ou amigo que foi ou é sapeur, enfim, um contexto favorável. É como as várias línguas que falamos em nosso país: se absorve naturalmente sem saber por que. É também assim com o vestir: acabamos incorporando um estilo, a ele acrescentando nossa criatividade. Foi o que se passou comigo. Quando me tornei adolescente comecei a frequentar os lugares da noite e a usar as roupas dos meus amigos. Quando completei quinze anos ganhei de um tio, também sapeur e que estava morando em Paris, um par de sapatos J. M. Weston (modelo mocassin à pampilles). O Weston foi o meu reconhecimento oficial na SAPE, como “un mot de passe” (senha) e a partir daí nunca mais consegui deixar a SAPE. Quando resolvi vir estudar no Brasil, coloquei na mala o par de Weston, que está em perfeito estado, e me acompanhará por toda a vida”.
Foi depois da independência do Congo (Brazaaville e Kinshasa), por volta dos anos de 1960, que surgiu com ímpeto a chamada Société des Ambianceurs et de Personnes Elegantes, la SAPE (Sociedade de Ambientadores e de Pessoas Elegantes). Tal fenômeno teve suas origens no bairro de Bacongo, em Brazzaville, atraindo, na maioria das vezes, jovens de origem social modesta que se autodenominavam de sapeurs, isto é, aqueles para os quais o culto à elegância constituía um fim em si mesmo.
Para um sapeur, mais do que um estilo de vida, a elegância é uma “condição” de estar no mundo, ou seja, condição em que a moda excede suas funções estéticas de representação e distinção sociais para adquirir valores intrínsecos ao comportamento e à conduta sociais. Deste modo, para os adeptos da sapologie tais valores assumem outras dimensões na vida social, proporcionais ao grau de crença e veneração às grandes griffes ocidentais e ao consumo conspícuo de produtos de luxo importados (camisas, ternos, sapatos, meias, gravatas etc), assim como também o cuidado sempre zeloso com a aparência pessoal e atos performáticos, recriados a cada dia.
Daí porque, em língua portuguesa, ao invés de “ambientadores” (tradução ao pé da letra), talvez, fosse mais adequado chamá-los de “animadores” ou de “criadores”, atributo mais vivo e dinâmico, como é próprio do ato performático de um sapeur, partidário da “cultura do look” que é exibida publicamente e apreciada por todos. Com efeito, seguindo o corolário da sapologie, a roupa que se veste é o próprio tecido da pele e por isso não se pode imaginar um sapeur sem o “dress code” impecável e, sobretudo, aquilo que dá vida e estilo ao que é vestido, isto é, “un moyen de creér une ambiance” (um modo de criar uma atmosfera): princípio norteador que define um sapeur.
O ensaio fotográfico e o vídeo etnográfico da exposição são testemunhos da presença da SAPE nos Trópicos, mais precisamente no Nordeste brasileiro. Os protagonistas de cena são estudantes congoleses de Kinshasa, conveniados em diferentes universidades brasileiras. É o primeiro registro da SAPE no Brasil, já que o trajeto de viagem de um sapeur ─ fora da Republica Democrática do Congo (Kinshasa) e Congo Brazzaville ─ é Paris: o grande destino que o legitima.
Antonio Motta
Curador da exposição
terça-feira, 8 de maio de 2012
Dilma estuda vetar texto integral de lei florestal
Planalto faria medida provisória para regulamentar recuperação de florestas
Repercussão negativa no Brasil e no exterior preocupa a presidente, que tem de atrair chefes de Estados à Rio+20
DE BRASÍLIAA presidente Dilma Rousseff estuda vetar na íntegra o Código Florestal aprovado pela Câmara e regulamentar por medida provisória a recuperação de florestas em beira de rio de modo a beneficiar agricultores familiares.
O texto do deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG), aprovado no último dia 25, foi protocolado ontem no Planalto. Dilma tem até o dia 25 para se manifestar sobre ele.
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) inicialmente pediria à presidente que vetasse só as chamadas disposições transitórias, nas quais, segundo o governo, ficou configurada a anistia a quem desmatou ilegalmente.
Dilma, porém, considerou que trechos importantes do texto aprovado pelo Senado foram suprimidos, o que tornaria pouco efetivo vetar só trechos do projeto de Piau.
Há uma tendência no governo de baixar uma medida provisória com a chamada "escadinha", ou seja, um escalonamento das faixas de recuperação de florestas de acordo com o tamanho da propriedade.
Organizações de pequenos agricultores não estão satisfeitas com a previsão de que os minifúndios tenham de recuperar 15 metros de suas áreas de preservação permanente -querem que seja uma área menor.
O governo está de olho também nos dividendos eleitorais da rejeição ao texto de Piau. A campanha "Veta Tudo, Dilma" virou uma febre na internet semana passada.
O veto teria ainda a função de mandar um recado ao PMDB, que desafiou o Planalto ao aprovar um texto considerado desequilibrado em favor dos ruralistas.
A repercussão internacional negativa da reforma do código tem preocupado Dilma, que precisa atrair o maior número possível de chefes de Estado à Rio+20, em junho. (CLAUDIO ANGELO, NATUZA NERY, KELLY MATOS E VALDO CRUZ)
segunda-feira, 7 de maio de 2012
IV Seminário Conexões: Deleuze e Política e Resistência e…
domingo, 6 de maio de 2012
Ex-agente que agora admite crimes na ditadura tem longa ficha policial
Ex-delegado do Dops diz ter incinerado corpos de esquerdistas e protagonizado episódios lendários
Guerra afirma que atuou em casos como a chacina da Lapa e o Riocentro, mas seu nome não consta da crônica do período
BERNARDO MELLO FRANCOENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
Facínora, recuperado, farsante, corajoso, vilão da ditadura, herói da Comissão da Verdade.
Nos últimos dias, todas essas expressões foram usadas para descrever à Folha Cláudio Guerra, ex-delegado do Dops que afirmou, em livro, ter matado e incinerado corpos de presos políticos no regime militar (1964-1985).
Ignorado pela crônica do período, ele agora se apresenta como protagonista de episódios lendários como a Chacina da Lapa - morte de três dirigentes do PC do B no bairro paulistano, em 1976-, a morte do delegado Sérgio Fleury -um dos principais nomes da repressão-e o atentado do Riocentro, realizado pela linha dura do regime em 1981.
O lançamento deu visibilidade nacional a um personagem que, no Espírito Santo, já é associado ao crime organizado e aos grupos de extermínio desde o fim dos anos 70.
"O nome dele impõe temor em todo o Estado", diz o procurador de Justiça Sócrates de Souza. "Durante muitos anos, ele esteve envolvido com quase todas as mortes violentas na sociedade capixaba."
Condenado a 42 anos de prisão por um atentado a bomba quando disputava o controle do bicho em Vitória, ele também é acusado de diversos assassinatos, inclusive o da ex-mulher e da cunhada, torturas, associação para o tráfico e outros crimes.
Sinônimo de barra-pesada, voltou a ser citado pela mídia local há três meses sob suspeita de colaborar com o desvio de R$ 6 milhões em dízimos recolhidos pela Assembleia de Deus em Serra (ES), onde atuava como integrante do conselho fiscal.
Por causa da ficha corrida, a cúpula da igreja no Estado se recusa a nomeá-lo pastor, o que não o impede de liderar cultos e se apresentar como exemplo de recuperação em templos no entorno de Vitória.
Ele ainda mantém um site onde se outorga o título negado pelos superiores e aparece em fotos de terno e gravata, como um pregador televisivo.
"O Cláudio é um milagre de Jesus. Ele era um monstro e virou um cordeiro, um pombo da paz", diz o pastor Délio Nascimento, que também é acusado de desviar dinheiro dos fiéis, o que ele nega.
Guerra passou os últimos anos preso em regime semi-aberto numa casa de repouso em Vila Velha (ES).
Agora está escondido com autorização judicial, após dizer ter sido alvo de ameaças de um militar que citou no livro.
Apesar da repercussão na imprensa, "Memórias de uma Guerra Suja" (Topbooks) foi recebido com ceticismo por alguns pesquisadores e parentes de vítimas da ditadura.
Victoria Grabois, dirigente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio, estranhou que alguém que diz ter sido tão importante tenha permanecido incógnito por décadas.
007
O ex-delegado nunca apareceu nas listas de torturadores divulgadas há mais de 30 anos, e ao menos dois oficiais que ele citou como cúmplices disseram que não o conhecem.
Um alto funcionário do governo federal que atua na área de anistia política afirma que é comum ex-agentes exagerarem relatos.
A suspeita é agravada por trechos espetaculares do livro, como a suposta participação num atentado em Angola que explodiu uma rádio e matou integrantes do regime comunista em 1977.
A missão secreta teria decolado do subúrbio do Rio num Hércules da FAB (Força Aérea Brasileira).
Em outra passagem, o ex-delegado diz ter sido íntimo de um representante da CIA, cubano naturalizado americano, responsável pelo contrabando de armas para os militares brasileiros.
Segundo o relato, o agente um dia tentou matá-lo, mas ele se salvou numa cena de 007.
"A desconfiança é bem-vinda. Mas nós checamos todas as informações e confiamos no que ele contou", diz o jornalista Rogério Medeiros, que assina o livro-depoimento com Marcelo Netto.
O deputado estadual Adriano Diogo (PT), que preside a Comissão da Verdade paulista, afirma que o testemunho pode ser útil. "Ele pode não ter sido um cinco-estrelas como está se vendendo. Mas se 1% do que diz for verdade, já é relevante."
De acordo com o Tribunal de Justiça do Espirito Santo, Guerra pode se livrar da pena em 2015, graças à idade avançada. O procurador Souza é contra o benefício.
"Ele não é um criminoso comum. Se fez tudo isso no passado, pode voltar a fazer."
Ação ambiental será inútil se população continuar crescendo
Biólogo britânico ganhador do nobel diz que países emergentes precisam reduzir tanto consumo quanto avanço populacional
Anne Katrin Purkiss/Rex Features |
O biólogo britânico John Sulston no Wellcome Trust Sanger Institute, em Cambridge, no Reino Unido |
CLAUDIO ANGELO
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O elefante populacional está de volta à loja de cristais do debate sobre desenvolvimento sustentável.
Um relatório divulgado no fim do mês passado pela Royal Society, principal sociedade científica britânica, recomendou à conferência ambiental Rio+20 que tome medidas para conter a explosão da população do planeta e o consumo excessivo -tanto dos países ricos quanto dos emergentes, como o Brasil.
O porta-voz desse paquiderme é alguém conhecido por seu trabalho com um organismo de 1 milímetro: o biólogo John Sulston, 70.
Um dos líderes do Projeto Genoma Humano, Sir John ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2002 por seus trabalhos com células do minúsculo verme Caenorhabditis elegans.
Nos últimos dois anos, ele se afastou da biologia e se aventurou no território das ciências sociais, chefiando o comitê de especialistas que produziu o relatório "People and the Planet" [As Pessoas e o Planeta, em inglês].
Folha - Levantar a questão populacional num contexto ambiental é sempre delicado, porque os países pobres acham que isso é uma invenção dos ricos para cerceá-los. Por que trazer isso à baila?
John Sulston - Bem, estamos dizendo que a combinação entre população e consumo é importante. E por que agora? Bem, porque os efeitos da população combinados com os do consumo estão ficando mais visíveis.
A mudança climática, por exemplo, hoje é muito clara, coisa que não era há 20 anos, embora os modelos previssem que ela ocorreria.
Nós também temos muita noção da taxa de extinção das espécies, que não tínhamos medido antes. O uso de nitrogênio mundo afora está poluindo estuários e causando algumas dessas extinções, e assim por diante.
E essas tendências vão continuar se nós não fizermos nada. Quando começamos a analisá-las, chegamos a essa resposta de que nós não devemos olhar só para a população, mas tampouco deveríamos considerar apenas o consumo.
Afinal, se tivéssemos apenas um décimo da população, o consumo não importaria tanto, e se tivéssemos um décimo do consumo, a população não importaria tanto.
O sr. tem acompanhado as negociações aqui nos últimos dois dias. Quão descoladas elas estão do mundo real?
Eu acho que as negociações precisam estar sempre um pouco à frente do mundo real, ou seja, da maneira como as coisas estão.
Quais são as suas expectativas para a Rio+20?
Eu gostaria muito que nós tivéssemos algum texto lá que reconhecesse a importância da população e do consumo lado a lado com nossa preocupação direta com o ambiente. Acho que isso dará a pessoas de boa vontade em toda parte uma plataforma para políticas mais sãs.
Mas, se você não mencionar essas coisas, as pessoas podem dizer: "Bem, não estava no acordo, então não precisamos negociar isso".
Vocês dizem no relatório que as economias desenvolvidas e emergentes precisam rever seus padrões de consumo. É a primeira vez que se diz isso tão diretamente, e os emergentes não vão gostar.
Bem, está condensado aqui nas recomendações. O que nós dizemos no relatório é que existe muito espaço para que as economias mais desenvolvidas se desmaterializem. Estamos falando de consumo material. O relatório não diz que existe qualquer razão para as economias ficarem mais pobres.
Fontes de energia, redução de lixo e reciclagem de metais entram aí. E isso significa mais empregos, a propósito. Com as economias emergentes é mais difícil, porque elas são muito heterogêneas.
O Brasil, claro, é uma das mais poderosas, e nós sabemos que existe uma sensibilidade muito grande dos países mais desenvolvidos, que dizem: "Vejam, esses países estão ficando mais ricos".
O que estamos tentando é reconhecer que há um espectro e, à medida que as pessoas atingem uma determinada etapa do desenvolvimento, todo mundo começa a fazer a sua parte.
Nós também enfatizamos a possibilidade de "leapfrogging" ["saltar" diretamente para tecnologias desejáveis], e nisso temos o exemplo brasileiro da produção de etanol de cana. Então, eu acho que seria um insulto se as economias emergentes sugerissem que não têm nada a contribuir. Indústrias verdes como as turbinas eólicas que a China produz são outro exemplo.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Ex-delegado Cláudio Guerra afirma que corpos de dez desaparecidos foram queimados em usina no Rio
DE SÃO PAULO
DO RIOEm livro lançado ontem, o ex-delegado capixaba Cláudio Guerra, 71, afirma ter participado da morte de ao menos 12 guerrilheiros e incinerado os corpos de outros dez desaparecidos políticos na ditadura militar (1964-85).
O depoimento está em "Memórias de uma Guerra Suja" (Topbooks), dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros. Guerra diz ter decidido confessar os crimes após se tornar pastor evangélico. Ele também promete depor à Comissão da Verdade.
Segundo o relato do ex-policial, os 10 corpos teriam sido queimados no forno de uma usina de açúcar pertencente à família do ex-governador do Estado do Rio Heli Ribeiro Gomes.
"Fui responsável por levar dez corpos de presos políticos para lá, todos mortos pela tortura", afirma.
Ele cita entre essas vítimas David Capistrano, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Completam a lista: Ana Rosa Kucinski e Wilson Silva, da ALN (Ação Libertadora Nacional); Joaquim Pires Cerveira, da FLN (Frente de Libertação Nacional); Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, da APML (Ação Popular Marxista-Leninista).
O paradeiro desses desaparecidos políticos nunca foi informado às famílias.
Filha do ex-governador do Heli Ribeiro Gomes, Maria Cecília Ribeiro Gomes, 55, reagiu com indignação. "Estou estarrecida. Isso é uma acusação maluca, sem cabimento. Uma loucura da cabeça desse homem", diz ela, que acaba de deixar o cargo de secretária de Trabalho de Campos.
"Trabalhavam mais de três mil funcionários na usina. Como alguém poderia levar corpos para lá, fazer uma barbaridade dessas, e ninguém ver?"
Entre os guerrilheiros que Guerra diz ter executado pessoalmente estão Nestor Veras, do PCB, e Manoel Aleixo da Silva, do PCR (Partido Comunista Revolucionário).
O livro relata a existência de três cemitérios clandestinos em São Paulo, Belo Horizonte e Petrópolis (RJ).
Guerra afirma ter participado também de atentados para tentar retardar a redemocratização do país, entre eles o do Riocentro, em 1981.
O livro vincula os autores desse atentado à morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten, em 1982.
O ex-policial ainda diz que a morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos chefes da repressão, teria sido tramada pelo Cenimar (Centro de Informações da Marinha). A versão oficial é de morte acidental no mar.
O livro identifica Guerra como agente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). O ex-delegado cumpriu pena de sete anos pela morte de um bicheiro no Espírito Santo, crime que ele nega. Há contra ele também acusação de participação em grupo de extermínio nos anos 80.
A presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio, Vitória Garbois, disse que recebeu o livro com "perplexidade". "Essa pessoa nunca apareceu nas listas de agentes da repressão." Ela defendeu que os relatos sejam investigados.
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) disse que a Comissão da Verdade deve analisar "esse e todos os demais relatos" do período.
Ex-delegado Cláudio Guerra afirma que corpos de dez desaparecidos foram queimados em usina no Rio
DE SÃO PAULO
Em livro lançado ontem, o ex-delegado capixaba Cláudio Guerra, 71, afirma ter participado da morte de ao menos 12 guerrilheiros e incinerado os corpos de outros dez desaparecidos políticos na ditadura militar (1964-85).
O depoimento está em "Memórias de uma Guerra Suja" (Topbooks), dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros. Guerra diz ter decidido confessar os crimes após se tornar pastor evangélico. Ele também promete depor à Comissão da Verdade.
Segundo o relato do ex-policial, os 10 corpos teriam sido queimados no forno de uma usina de açúcar pertencente à família do ex-governador do Estado do Rio Heli Ribeiro Gomes.
"Fui responsável por levar dez corpos de presos políticos para lá, todos mortos pela tortura", afirma.
Ele cita entre essas vítimas David Capistrano, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Completam a lista: Ana Rosa Kucinski e Wilson Silva, da ALN (Ação Libertadora Nacional); Joaquim Pires Cerveira, da FLN (Frente de Libertação Nacional); Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, da APML (Ação Popular Marxista-Leninista).
O paradeiro desses desaparecidos políticos nunca foi informado às famílias.
Filha do ex-governador do Heli Ribeiro Gomes, Maria Cecília Ribeiro Gomes, 55, reagiu com indignação. "Estou estarrecida. Isso é uma acusação maluca, sem cabimento. Uma loucura da cabeça desse homem", diz ela, que acaba de deixar o cargo de secretária de Trabalho de Campos.
"Trabalhavam mais de três mil funcionários na usina. Como alguém poderia levar corpos para lá, fazer uma barbaridade dessas, e ninguém ver?"
Entre os guerrilheiros que Guerra diz ter executado pessoalmente estão Nestor Veras, do PCB, e Manoel Aleixo da Silva, do PCR (Partido Comunista Revolucionário).
O livro relata a existência de três cemitérios clandestinos em São Paulo, Belo Horizonte e Petrópolis (RJ).
Guerra afirma ter participado também de atentados para tentar retardar a redemocratização do país, entre eles o do Riocentro, em 1981.
O livro vincula os autores desse atentado à morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten, em 1982.
O ex-policial ainda diz que a morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos chefes da repressão, teria sido tramada pelo Cenimar (Centro de Informações da Marinha). A versão oficial é de morte acidental no mar.
O livro identifica Guerra como agente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). O ex-delegado cumpriu pena de sete anos pela morte de um bicheiro no Espírito Santo, crime que ele nega. Há contra ele também acusação de participação em grupo de extermínio nos anos 80.
A presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio, Vitória Garbois, disse que recebeu o livro com "perplexidade". "Essa pessoa nunca apareceu nas listas de agentes da repressão." Ela defendeu que os relatos sejam investigados.
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) disse que a Comissão da Verdade deve analisar "esse e todos os demais relatos" do período.
DE SÃO PAULO
DO RIO
Em livro lançado ontem, o ex-delegado capixaba Cláudio Guerra, 71, afirma ter participado da morte de ao menos 12 guerrilheiros e incinerado os corpos de outros dez desaparecidos políticos na ditadura militar (1964-85).
O depoimento está em "Memórias de uma Guerra Suja" (Topbooks), dos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros. Guerra diz ter decidido confessar os crimes após se tornar pastor evangélico. Ele também promete depor à Comissão da Verdade.
Segundo o relato do ex-policial, os 10 corpos teriam sido queimados no forno de uma usina de açúcar pertencente à família do ex-governador do Estado do Rio Heli Ribeiro Gomes.
"Fui responsável por levar dez corpos de presos políticos para lá, todos mortos pela tortura", afirma.
Ele cita entre essas vítimas David Capistrano, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Mello, José Roman e Luiz Ignácio Maranhão Filho, do PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Completam a lista: Ana Rosa Kucinski e Wilson Silva, da ALN (Ação Libertadora Nacional); Joaquim Pires Cerveira, da FLN (Frente de Libertação Nacional); Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira, da APML (Ação Popular Marxista-Leninista).
O paradeiro desses desaparecidos políticos nunca foi informado às famílias.
Filha do ex-governador do Heli Ribeiro Gomes, Maria Cecília Ribeiro Gomes, 55, reagiu com indignação. "Estou estarrecida. Isso é uma acusação maluca, sem cabimento. Uma loucura da cabeça desse homem", diz ela, que acaba de deixar o cargo de secretária de Trabalho de Campos.
"Trabalhavam mais de três mil funcionários na usina. Como alguém poderia levar corpos para lá, fazer uma barbaridade dessas, e ninguém ver?"
Entre os guerrilheiros que Guerra diz ter executado pessoalmente estão Nestor Veras, do PCB, e Manoel Aleixo da Silva, do PCR (Partido Comunista Revolucionário).
O livro relata a existência de três cemitérios clandestinos em São Paulo, Belo Horizonte e Petrópolis (RJ).
Guerra afirma ter participado também de atentados para tentar retardar a redemocratização do país, entre eles o do Riocentro, em 1981.
O livro vincula os autores desse atentado à morte do jornalista Alexandre Von Baumgarten, em 1982.
O ex-policial ainda diz que a morte do delegado Sérgio Paranhos Fleury, um dos chefes da repressão, teria sido tramada pelo Cenimar (Centro de Informações da Marinha). A versão oficial é de morte acidental no mar.
O livro identifica Guerra como agente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). O ex-delegado cumpriu pena de sete anos pela morte de um bicheiro no Espírito Santo, crime que ele nega. Há contra ele também acusação de participação em grupo de extermínio nos anos 80.
A presidente do grupo Tortura Nunca Mais no Rio, Vitória Garbois, disse que recebeu o livro com "perplexidade". "Essa pessoa nunca apareceu nas listas de agentes da repressão." Ela defendeu que os relatos sejam investigados.
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) disse que a Comissão da Verdade deve analisar "esse e todos os demais relatos" do período.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Bruno Barreto
'O BRASIL É MORALISTA, É RACISTA'
Eduardo Knapp/Folhapress |
O cineasta Bruno Barreto, em SP |
O diretor Bruno Barreto se prepara para filmar "Flores Raras", em junho. O longa, que se passa nos anos 50 e é estrelado por Glória Pires e uma atriz internacional ainda não confirmada, mostra a história de amor entre a poetisa americana Elizabeth Bishop, ganhadora do Pulitzer, e Lota de Macedo Soares (Glória Pires), arquiteta carioca que idealizou o aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
A produtora LC Barreto diz que não conseguiu patrocínio para "Flores Raras" porque seu tema central é a relação homossexual entre as duas mulheres. O longa, que é baseado no livro "Flores Raras e Banalíssimas", de Carmen Oliveira, e tem roteiro de Carolina Kotscho, está orçado em R$ 10 milhões. Barreto falou à coluna em seu apartamento, nos Jardins:
Folha - Vocês estão tendo um pouco de dificuldade para captar recursos?
Bruno Barreto - Pouco, não. Total. O Brasil, é um país falsamente, aparentemente liberado. No fundo, é um dos países mais moralistas que existem, é racista. Não conseguimos um tostão de nenhuma empresa. O dinheiro que temos até agora é do Fundo Setorial, do BNDES, de instrumentos estatais, e da Globo Filmes, Telecine e Imagem Filmes.
O que as empresas dizem?
Nós, brasileiros, não somos bons em dizer não, é parte da nossa cultura. Então, as pessoas não dizem um não. Por exemplo, a personagem da Lota terá um carro que aparecerá bastante. Várias montadoras foram procuradas para um "product placement" [espécie de merchandising]. Nenhuma topou.
E quais as justificativas?
Dizem: "Ah, não é o perfil". Até que um diretor de marketing falou pra Paula [Barreto, irmã do diretor e produtora do filme]: "Você está tendo essa dificuldade porque é uma temática gay e realmente não é o perfil da nossa empresa". Aí caiu a ficha. Todas essas grandes empresas que apoiaram vários filmes nossos disseram: "Não, não, não".
O longa mostra muito da história do Rio. O governo fluminense não apoia o projeto?
O prefeito Eduardo Paes abraçou a ideia, assim como a Rio Filmes. O Estado do Rio ainda está em cima do muro. Fomos ao Eike Batista. O projeto fala da Marina da Glória, do aterro do Flamengo [Eike é dono do hotel Glória, no local]. Não tivemos resposta. Temos uma cena da festa de comemoração da vitória de Carlos Lacerda que se passa no hotel Glória.
Vão filmar sem patrocínio?
Sim. Somos loucos. Temos uma linha de crédito num banco grande. Fico triste, porque vivemos um momento ufanista, mas temos que baixar a bola um pouco. Existem problemas estruturais na nossa cultura. A gente não é tão moderno quanto acha.