Autônomo de 42 anos e estudante de 18 são espancados em feira agropecuária Caso ocorreu em São João da Boa Vista, no interior paulista; dois dos seis agressores foram identificados LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA A VARGEM GRANDE DO SUL"Então, eu não posso mais abraçar meu filho em público?", pergunta J.C.G., 42, enquanto exibe a orelha esquerda -ou o que restou dela, agora reduzida a um retalho de um centímetro de largura.
Confundidos com um casal homossexual, o pai e o filho, de 18 anos, que se haviam abraçado no meio da feira agropecuária anual de São João da Boa Vista, cidade a 216 km de São Paulo, foram atacados por seis rapazes na noite de quinta passada.
Um soco na ponta do queixo fez o pai desabar, inconsciente. "Quando acordei, só ouvia os gritos: "O homem está sem orelha. Sem orelha!"."
Uma testemunha, vendedora em uma barraca de alimentos, teve de pular o balcão para puxar um dos agressores que enforcava J.C.G..
R.G., o filho, estudante de educação física em São Bernardo do Campo, lutava para se desvencilhar dos golpes. Saiu levemente ferido.
Ao lado de J.C.G. jazia o pavilhão auricular, carneado por instrumento cortante "de baixo para cima", como explicou o médico de plantão.
A vendedora que tentou apartar a briga providenciou um copo de gelo, onde pôs o pedaço de orelha imaginando um possível reimplante.SUSPEITOS
O delegado Fernando Zucarelli Pinto anunciou ter identificado dois dos agressores. Um deles, um serralheiro de 25 anos, confessou ter participado do ataque. Responderá em liberdade sob suspeita de lesão corporal.
Vivendo em cidades diferentes, o pai no interior e o filho no ABC, o fim de semana prometia. Os dois visitariam, em companhia das respectivas namoradas, a feira, que reúne shows, rodeios, provas de charretes e hipismo, além de exposições de bovinos, equinos, ovinos e caprinos.
Já tinham comprado ingressos para as apresentações da dupla Jorge e Matheus e investiram em um camarote VIP para ver a cantora de axé Claudia Leitte.
Mas o programa acabou na própria quinta, quando descansavam na praça de alimentação. As namoradas tinha ido ao banheiro. Foi quando pai e filho se abraçaram, o pai colocando o braço em volta do pescoço do filho.
Nessa hora, diz o pai, uma turma de jovens se dirigiu a eles com a pergunta: "E aí? Vocês são gays?". "Eu disse que não, que éramos pai e filho. Não queria confusão."
Mas os garotos teriam prosseguido: "Agora que liberou, vocês têm de dar beijinho". O pai afirma que houve um certo empurra-empurra, rapidamente desmobilizado. Os rapazes sumiram.
"Então, de repente, do nada, eles voltaram, querendo briga. Ainda tive tempo de chamar meu filho para ficar perto de mim. Foi quando recebi o soco no queixo."ORGANIZAÇÃO
J.C.G. reclama da organização do evento. Segundo ele, nenhum segurança conteve os agressores. "Tive de andar mais de 500 m sangrando. Ninguém nos socorreu."
Os organizadores dizem que a feira tem 200 seguranças. As imagens do circuito de câmeras, que ajudaram na identificação dos agressores, foram colocadas à disposição da polícia, afirmam eles.
O pedaço de orelha apodreceu antes que se pudesse tentar um reimplante. A saída, agora, é tentar a reconstituição com um pedaço de cartilagem tirado da costela.
Vivendo em Vargem Grande do Sul, cidade vizinha, J.C.G. diz estar triste e confuso: "Talvez, se eu tivesse revidado na hora das gozações, eles não tivessem tido coragem de ir tão longe."
Há 17 dias, um jardineiro de 27 anos, homossexual, foi assassinado por um ceramista em Vargem Grande do Sul. A família da vítima diz que ele foi vítima de homofobia.
ENVIADA A VARGEM GRANDE DO SUL"Então, eu não posso mais abraçar meu filho em público?", pergunta J.C.G., 42, enquanto exibe a orelha esquerda -ou o que restou dela, agora reduzida a um retalho de um centímetro de largura.
Confundidos com um casal homossexual, o pai e o filho, de 18 anos, que se haviam abraçado no meio da feira agropecuária anual de São João da Boa Vista, cidade a 216 km de São Paulo, foram atacados por seis rapazes na noite de quinta passada.
Um soco na ponta do queixo fez o pai desabar, inconsciente. "Quando acordei, só ouvia os gritos: "O homem está sem orelha. Sem orelha!"."
Uma testemunha, vendedora em uma barraca de alimentos, teve de pular o balcão para puxar um dos agressores que enforcava J.C.G..
R.G., o filho, estudante de educação física em São Bernardo do Campo, lutava para se desvencilhar dos golpes. Saiu levemente ferido.
Ao lado de J.C.G. jazia o pavilhão auricular, carneado por instrumento cortante "de baixo para cima", como explicou o médico de plantão.
A vendedora que tentou apartar a briga providenciou um copo de gelo, onde pôs o pedaço de orelha imaginando um possível reimplante.SUSPEITOS
O delegado Fernando Zucarelli Pinto anunciou ter identificado dois dos agressores. Um deles, um serralheiro de 25 anos, confessou ter participado do ataque. Responderá em liberdade sob suspeita de lesão corporal.
Vivendo em cidades diferentes, o pai no interior e o filho no ABC, o fim de semana prometia. Os dois visitariam, em companhia das respectivas namoradas, a feira, que reúne shows, rodeios, provas de charretes e hipismo, além de exposições de bovinos, equinos, ovinos e caprinos.
Já tinham comprado ingressos para as apresentações da dupla Jorge e Matheus e investiram em um camarote VIP para ver a cantora de axé Claudia Leitte.
Mas o programa acabou na própria quinta, quando descansavam na praça de alimentação. As namoradas tinha ido ao banheiro. Foi quando pai e filho se abraçaram, o pai colocando o braço em volta do pescoço do filho.
Nessa hora, diz o pai, uma turma de jovens se dirigiu a eles com a pergunta: "E aí? Vocês são gays?". "Eu disse que não, que éramos pai e filho. Não queria confusão."
Mas os garotos teriam prosseguido: "Agora que liberou, vocês têm de dar beijinho". O pai afirma que houve um certo empurra-empurra, rapidamente desmobilizado. Os rapazes sumiram.
"Então, de repente, do nada, eles voltaram, querendo briga. Ainda tive tempo de chamar meu filho para ficar perto de mim. Foi quando recebi o soco no queixo."ORGANIZAÇÃO
J.C.G. reclama da organização do evento. Segundo ele, nenhum segurança conteve os agressores. "Tive de andar mais de 500 m sangrando. Ninguém nos socorreu."
Os organizadores dizem que a feira tem 200 seguranças. As imagens do circuito de câmeras, que ajudaram na identificação dos agressores, foram colocadas à disposição da polícia, afirmam eles.
O pedaço de orelha apodreceu antes que se pudesse tentar um reimplante. A saída, agora, é tentar a reconstituição com um pedaço de cartilagem tirado da costela.
Vivendo em Vargem Grande do Sul, cidade vizinha, J.C.G. diz estar triste e confuso: "Talvez, se eu tivesse revidado na hora das gozações, eles não tivessem tido coragem de ir tão longe."
Há 17 dias, um jardineiro de 27 anos, homossexual, foi assassinado por um ceramista em Vargem Grande do Sul. A família da vítima diz que ele foi vítima de homofobia.