Amazonino Mendes, de Manaus, provocou reações após fala gravada por TV "Então morra", disse à mulher que afirmou não ser sua opção morar no
local; ele ainda ironizou a origem da paraense KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
FELIPE LUCHETE
DE BELÉM O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), que disse "morra" a uma
moradora de área de risco que argumentava não ser uma escolha sua
estar ali, provocou reações no Congresso.
Anteontem, ele visitava a comunidade Santa Marta, área de risco de
desabamento na periferia de Manaus. A desempregada Laudenice Paiva,
37, disse a Amazonino que não se mudaria de lá porque não tinha
dinheiro.
"Minha filha, então morra, morra, morra!", respondeu o prefeito. Em
seguida, ele indagou de onde a moradora havia vindo.
Ela respondeu que era paraense. "Então "tá" explicado", afirmou Amazonino.
O bate-boca foi filmado por uma equipe de reportagem local e postado
anteontem no YouTube.
Em Brasília, a senadora paraense Marinor Brito, líder do PSOL, disse
que ingressará hoje com uma representação na Procuradoria-Geral da
República acusando Amazonino de discriminação.
O deputado federal Carlos Puty (PT-PA) declarou que entraria com
representações na Promotoria do Amazonas, uma criminal e um pedido
para garantir segurança dos moradores na área.
"Ele está culpando a vítima [pela situação de perigo], além de
desrespeitá-la pela sua origem", disse à Folha.
Em Manaus, o vereador Joaquim Lucena (PSB) disse que pedirá o
impeachment do prefeito."Ele afetou a honra da moradora e de uma
grande parcela da população que não tem moradia."
A seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Pará divulgou
ontem uma nota de repúdio sobre o incidente.
No documento, a OAB declara que o prefeito "se portou com desdém em
relação aos menos favorecidos pela sorte, ofendeu a moradora e o povo
do Pará de forma preconceituosa".
E pediu retratação. "Esperamos que a referida autoridade tenha a
grandeza de se retratar, desculpando-se com os pobres, que também
ajudaram a elegê-lo."
Ontem, Amazonino justificou-se dizendo que, ao falar "morra", usou
somente "uma expressão" e que, a seu ver, não houve qualquer tipo de
discriminação.
"Por que eu fiz a pergunta? Porque não é o Pará, é Roraima, Maranhão.
Quem não é de Manaus e vem para cá, uma cidade complexa e diferente,
fica fazendo habitações em lugares impróprios."
A Prefeitura de Manaus disse que, desde anteontem, retirou da área de
risco 30 famílias, incluindo a de Laudenice. Elas receberão
auxílio-aluguel de R$ 250.
local; ele ainda ironizou a origem da paraense KÁTIA BRASIL
DE MANAUS
FELIPE LUCHETE
DE BELÉM O prefeito de Manaus, Amazonino Mendes (PTB), que disse "morra" a uma
moradora de área de risco que argumentava não ser uma escolha sua
estar ali, provocou reações no Congresso.
Anteontem, ele visitava a comunidade Santa Marta, área de risco de
desabamento na periferia de Manaus. A desempregada Laudenice Paiva,
37, disse a Amazonino que não se mudaria de lá porque não tinha
dinheiro.
"Minha filha, então morra, morra, morra!", respondeu o prefeito. Em
seguida, ele indagou de onde a moradora havia vindo.
Ela respondeu que era paraense. "Então "tá" explicado", afirmou Amazonino.
O bate-boca foi filmado por uma equipe de reportagem local e postado
anteontem no YouTube.
Em Brasília, a senadora paraense Marinor Brito, líder do PSOL, disse
que ingressará hoje com uma representação na Procuradoria-Geral da
República acusando Amazonino de discriminação.
O deputado federal Carlos Puty (PT-PA) declarou que entraria com
representações na Promotoria do Amazonas, uma criminal e um pedido
para garantir segurança dos moradores na área.
"Ele está culpando a vítima [pela situação de perigo], além de
desrespeitá-la pela sua origem", disse à Folha.
Em Manaus, o vereador Joaquim Lucena (PSB) disse que pedirá o
impeachment do prefeito."Ele afetou a honra da moradora e de uma
grande parcela da população que não tem moradia."
A seccional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Pará divulgou
ontem uma nota de repúdio sobre o incidente.
No documento, a OAB declara que o prefeito "se portou com desdém em
relação aos menos favorecidos pela sorte, ofendeu a moradora e o povo
do Pará de forma preconceituosa".
E pediu retratação. "Esperamos que a referida autoridade tenha a
grandeza de se retratar, desculpando-se com os pobres, que também
ajudaram a elegê-lo."
Ontem, Amazonino justificou-se dizendo que, ao falar "morra", usou
somente "uma expressão" e que, a seu ver, não houve qualquer tipo de
discriminação.
"Por que eu fiz a pergunta? Porque não é o Pará, é Roraima, Maranhão.
Quem não é de Manaus e vem para cá, uma cidade complexa e diferente,
fica fazendo habitações em lugares impróprios."
A Prefeitura de Manaus disse que, desde anteontem, retirou da área de
risco 30 famílias, incluindo a de Laudenice. Elas receberão
auxílio-aluguel de R$ 250.