Apoiado por movimento de defesa dos homossexuais, grupo de 500 pessoas fez manifestação até a Paulista
Protesto foi contra a posição do chanceler da universidade, contrária ao projeto de lei que criminaliza homofobia JAMES CIMINODE SÃO PAULO
Um manifesto contrário ao projeto de lei que criminaliza a homofobia, assinado pelo chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, originou uma espécie de parada gay fora de época na tarde de ontem.
O protesto, criado na internet e divulgado por alunos de diversas universidades de São Paulo, como FGV, USP, PUC e o próprio Mackenzie, começou por volta das 17h e se estendeu até as 21h.
Um grupo de cerca de 500 pessoas (segundo a CET), apoiado por movimentos de defesa dos homossexuais, aglomerou-se em frente ao Mackenzie (centro de SP).
Após discursos, o grupo caminhou da rua Maria Antonia até a esquina da avenida Paulista com a Brigadeiro Luis Antonio, onde, há cerca de duas semanas, quatro jovens foram agredidos. Durante o protesto, os estudantes portavam lâmpadas fluorescentes manchadas de vermelho, em alusão à agressão.
Com a proteção da PM e CET e orientados pelo coordenador de políticas de diversidade sexual do governo do Estado, Dimitri Sales, o grupo interrompeu o trânsito de várias ruas do centro, gritando frases como "Isso é que é parada", "Contra a homofobia a luta é todo dia" e "Ão, ão, ão, atrás do silicone também bate um coração".
A Folha procurou o chanceler para comentar a manifestação, mas a assessoria da universidade informou que ele estava viajando. Em nota divulgada ontem, o Mackenzie disse respeitar o direito de expressão de todos os cidadãos e reconhecer o direito de manifestação pacífica.
O texto assinado pelo chanceler já havia sido retirado do site da universidade.
O protesto deixou de ser pacífico em apenas dois momentos. O primeiro foi quando um jovem com roupa militar se posicionou em meio aos manifestantes, na Paulista, exigindo que eles se retirasses e ameaçando agredi-los fisicamente. Foi imobilizado e detido pela PM.
Pouco antes, moradores de um prédio na av. Higienópolis atiraram ovos contra os manifestantes. Acertaram um casal heterossexual.