quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Centro de Cultura Social de São Paulo


O Centro de Cultura Social de São Paulo é uma associação fundada em 14 de janeiro de 1933 como remanescente das entidades culturais criadas pelo vigoroso movimento sindical existente na Primeira República. Quando o fluxo imigratório se acentuou a partir dos últimos anos do século XIX, os trabalhadores que aqui chegavam, ao organizarem seus sindicatos para lutar por melhores condições de vida, criaram também seus centros de cultura.

Cada associação, união, liga ou sindicato operário procurava criar seu centro, ateneu ou grêmio cultural, transportando para o Brasil a prática do movimento operário europeu com sua preocupação permanente com a educação e a cultura. Criou-se uma vasta rede de entidades culturais entre os trabalhadores, com suas bibliotecas, publicações, grupos teatrais etc. Pouca coisa resistiu às ditaduras militares, quando as bibliotecas, os periódicos, programas e documentos foram destruídos. Só o zelo e uma resistência surda possibilitou alguns militantes salvar o suficiente para testemunhar a imensa obra desenvolvida. Exemplos disso está em algumas entidades das quais o Centro guarda o registro em seus arquivos: Grupo Filodramático Social (1905), Grupo Filodramático do Centro de Estudos Sociais do Brás (1906), Grupo Libertário do Brás (1910), Grupo Aurora Libertas (1911), Circulo de Estudos Sociais Francisco Ferrer (1912), Círculo Filodramático Libertário (1914), Centro Feminino Jovens Idealistas (1915), Associação Universidade Popular de Cultura Racionalista (1915), Centro de Estudos Sociais Juventude do Futuro (1920), Grupo Nova Era (1922), Biblioteca Social A Inovadora (1924). Todas de São Paulo. Essas entidades se espalharam pelo Brasil, com predominância em São Paulo e Rio de Janeiro.

A partir de 1930, com o refluxo do movimento sindical em razão do Estado Novo, um grupo de trabalhadores decidem fundar uma entidade que atendesse aos seus objetivos culturais e educativos. Inventam o Centro, associação sem fins lucrativos mantida com os recursos de seus associados e destinada ao estudo e debate dos problemas sociais com o objetivo de “estimular, apoiar e promover nos meios populares, principalmente entre os trabalhadores, onde as possibilidades de cultura são limitadas por toda sorte de empecilhos, o estudo de uma nova ordem de coisas baseadas em princípios de justiça e de equidades sociais, que facultem a cada indivíduo e à coletividade, o gozo de uma situação de liberdade e bem-estar, resultado do esforço comum e a que todos fazem jus” (Estatutos).

Desde sua fundação o Centro de Cultura Social promove intensa atividade cultural. Já em janeiro de 1933 anunciava a conferência da escritora argentina Concepción Fernandez, com o título "A Música como Fator de Aproximação dos Povos"; no dia 23 de julho do mesmo ano anunciava grande ato comemorativo do 1º aniversário da morte do pensador italiano Errico Malatesta. Além das conferências, cursos, exposições, montagens teatrais com grupo próprio etc., o Centro de Cultura Social participou de campanhas políticas de envergadura, como a luta anti-integralista, juntamente com o jornal "A Plebe" e a Federação Operária de São Paulo. Promoveu comícios, publicou panfletos e em sua sede se reuniram os trabalhadores que confrontaram os integralistas em outubro de 1934. As lutas dos trabalhadores sempre tiveram o Centro de Cultura Social presente.

Em 1937, em conseqüência do golpe de Getúlio Vargas, o Centro foi fechado, reabrindo em 2 de junho de 1945 e novamente sustou as atividades no dia 21 de abril de 1969, logo após ser promulgado o Ato Institucional n.º 5, embora houvesse resistido à ditadura militar desde março de 1964 até aquela data, com a criação do Laboratório de Ensaio, a mais fecunda experiência do Centro de Cultura Social no campo das artes. Não sendo possível prosseguir, só voltou plenamente à vida ativa após a abertura democrática em 1985, realizando atividades culturais até hoje.

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